HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 107<br />
opõe ao universo infantil, o mal sempre é representado pelos estranhos: os<br />
vampiros, os lobisomens, os monstros, os bruxos.<br />
Os seres mágicos que interagem positivamente ao lado do herói costumam<br />
ser fadas, duendes e magos, embora a literatura infantil moderna<br />
tenha tentado reverter gradualmente esse maniqueísmo, como é o caso de<br />
histórias como A bruxinha que era boa, de Maria Clara Machado. Narrativas<br />
como essa, no entanto, costumam reverter apenas a posição de um indivíduo<br />
– uma bruxinha – em relação aos outros, que permanecem no lado<br />
antagônico –, mesmo caso da bruxinha Aline, a personagem de A menina<br />
que queria ser bruxa, de Giselda Laporta Nicolelis, que é aconselhada a ir para<br />
a escola de fadas porque é muito boazinha. Nas histórias da Bruxa Onilda,<br />
de Enric Larreula e Roser Capdevila, a personagem principal é uma bruxa<br />
simpática e aventureira, uma exceção entre suas parentas. E a escritora<br />
Lya Luft, em sua primeira obra infantil, precisou colocar um adjetivo no<br />
título para mostrar que sua bruxa era diferente, em Histórias da bruxa boa.<br />
Na literatura juvenil, a relação entre bem e mal também não é diversa<br />
quando há seres mágicos em jogo, como no clássico de C.S. Lewis,<br />
As crônicas de Nárnia, em que a feiticeira provoca um inverno eterno,<br />
delimitando para o leitor a exata posição do mal. No entanto, a partir da<br />
conquista de milhares de leitores (e novos leitores) pela série de Rowling,<br />
a literatura juvenil parece ter dado uma guinada para temas específicos,<br />
em uma espécie de caracterização própria. Grande parte desses temas<br />
está relacionada ao mundo do sobrenatural, em que se convertem os<br />
dogmas e mitos entre o bem e o mal.<br />
A partir do sucesso da série, muitas obras vieram para desconstruir a<br />
polaridade entre bruxos, vampiros e lobisomens e os seres humanos. Um<br />
pouco distinta da série X-Man 67 , em que os “diferentes” tinham de esconder<br />
seus poderes para evitarem o preconceito, as ligações com o plano do<br />
fantástico começaram a tornar mais atraentes os protagonistas. É o caso,<br />
67<br />
Série de quadrinhos da Marvel Comics, publicada a partir de 1963, transformada em desenho<br />
animado para a televisão, na década de 90 e, já em 2000, transposta para o cinema, em<br />
uma série de filmes.