HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 129<br />
A diferença reside que, nos estudos de Intermidialidade, o interesse pode<br />
recair sobre a representação, ou mesmo a aparição, de uma mídia dentro<br />
de outra. É o caso, por exemplo, de cenas de filmes em que aparece uma<br />
tela de televisão, um espetáculo teatral em que a cena estática imita um<br />
quadro, uma descrição textual que faz referência a uma cena de um filme,<br />
ou uma página de computador que representa uma página de caderno. Essas<br />
mídias in mídias inserem sentidos nos textos que suportam. Ressaltando:<br />
conceito de “mídia”, aqui, funciona em seu aspecto amplo, como meio de<br />
comunicação – tecnologia, aparato material –, como suporte do texto. E<br />
“texto” é a estrutura significante que essa mídia carrega.<br />
A preocupação com essas definições demonstra o grau de determinação<br />
que os estudos de Intermidialidade devem manter diante das idiossincrasias<br />
de cada uma das produções que analisa, sob a ameaça do embaçamento<br />
dos limites entre as artes e entre as manifestações culturais no panorama da<br />
convergência das mídias. Quando observamos fenômenos intermídias, desde<br />
a sugestão de uma partitura musical no texto de um romance até a gritante<br />
aparência multimidiática 5 do grafite animado 6 , abrem-se aos sentidos uma<br />
ampla série de perspectivas de análise das relações que ali se estabelecem.<br />
Simultaneamente, surgem daí outras tantas questões sobre as práticas de<br />
recepção que realizam essas abordagens. E a pergunta recai sobre como os<br />
leitores leem esses objetos hibridizados, a exemplo da hipermídia.<br />
Teodore Nelson lançou o conceito de hipermídia nos anos 1960, mas<br />
o termo alcançou seu sentido só nos anos 80, quando foi justamente<br />
confrontado com hipertexto. Novamente entra em jogo a concorrência<br />
entre “texto” e “mídia”, num debate semiótico sobre qual tem mais poder<br />
de abrangência no espaço inter da net. Em síntese, hipertexto é a conexão<br />
entre textos, enquanto hipermídia é a conexão entre mídias, isso quando<br />
pensamos o sentido do primeiro como “tessitura linguística virtual” e, do<br />
5<br />
Como podemos ver em: http://www.samshiraishi.com/se-nao-se-espalha-ja-era-cultura-da-<br />
-convergencia-henryjenkinsbr/. Acesso em: dez. 2010.<br />
6<br />
Como, por exemplo, os trabalhos do artista argentino Blu. Assistir em: http://www.youtube.<br />
com/watch?v=H5JU9vXK_Ak. Acesso em: dez. 2010.