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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 169<br />

e histórias sobre o espaço sideral começaram a escrever novos episódios,<br />

muitas vezes vendendo-os em bancas e, mais tarde, em locais próprios,<br />

tornando-se uma mania entre os fandoms.<br />

Com a televisão, esse tipo de cultura popularizou-se rapidamente e<br />

surgiram novas formas de engenho por parte dos fãs, como os fan films,<br />

fan art 77 . O fandom trekkie tornou-se hábil na criação de novos episódios<br />

em vídeo (VHS) do programa, através de colagens e montagens, possíveis<br />

a partir dos anos 80, com a chegada do vídeo-cassete. A principal forma<br />

utilizada para responder ao programa foi, no entanto, a fanfiction. Agregados<br />

em fã-clubes, congressos ou simples reuniões em salas de tevê, ou ainda<br />

individualmente, fãs inventavam novas histórias para a série, narrativas<br />

que se passavam nos mesmos locais pelos quais navegava a espaçonave<br />

Enterprise e seus tripulantes, ou ainda inventando novos planetas, novas<br />

raças, novas personagens, que se relacionavam com as personagens da série<br />

em situações completamente novas ou baseadas em episódios do original.<br />

Assim como o vídeo-cassete permitiu àquele fã da “cultura das mídias”<br />

uma nova maneira de responder ao texto – “foram eles que nos<br />

arrancaram da inércia da recepção de mensagens impostas de fora e nos<br />

treinaram para a busca da informação e do entretenimento que desejamos<br />

encontrar” LXVII –, a internet também alterou os modos de recepção.Tanto<br />

por sua configuração de longo alcance, como por sua rápida expansão<br />

mundial, essa transformação deu-se exponencialmente, atingindo níveis<br />

que hoje dificultariam os historiadores da leitura a formatar uma história<br />

que desse conta de abarcar um universo tão heterogêneo, tal o número de<br />

manifestações de práticas de leitura.<br />

A cultura participatória não é extensiva somente aos meios de comunicação<br />

de massa, ou, mais peremptoriamente, ao ambiente hipermidiático da<br />

cultura digital, vide os casos de arte coletiva que proliferam em exposições,<br />

as performances em que é necessária a participação dos observadores, a<br />

interferência de artistas uns nas obras dos outros e a imprescindível inte-<br />

77<br />

Traduzindo para o português, significam “filmes de fã” e “arte de fã”. Em português, não há<br />

expressão equivalente, a não ser a própria tradução ou a expressão estrangeira, o que é mais usual.

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