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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 181<br />

– Eu não acho que iria preferir a Lula – murmurou próximo ao<br />

ouvido dela, sentindo mais que nunca que os dez centímetros que<br />

crescera no verão eram importantes. 98<br />

Respondendo às indicações do texto, os fanficcers estabelecem uma<br />

comunicação com os esquemas da série, em que a sugestão de aspectos<br />

formatados pelo original e a inserção de palavras, frases ou trechos pode<br />

ser tomada como uma espécie de feedback 99 , que invoca esse diálogo. É o<br />

espaço em que o fanficcer retorna à informação do emissor – o texto da<br />

série original – como se pudesse, assim, diminuir erros de interpretação.<br />

Esse tipo de contato entre esquema-lacuna-preenchimento foi observado<br />

nos textos que corroboram a narrativa original e que, assim, respondem,<br />

principalmente, às lacunas temporais – onde os riscos de contradizer o<br />

texto fonte são menores, aumentando o espaço para a criação.<br />

Com a história terminada no sétimo volume, uma série de lacunas pragmáticas<br />

foram preenchidas – tomando o lugar do leitor –, alterando, assim,<br />

o nível de indeterminação. Agora, menos do que interpretar para preencher<br />

vazios pragmáticos, cabe ao fanficcer criar novas peças que se encaixem<br />

no esquema do texto. O feedback, dessa forma, torna-se um processo mais<br />

simples, que, em lugar de manifestar a concretização do leitor ao nível de<br />

“interpretação”, retorna ao contexto da “recepção”. 100 Ou seja, quando ao<br />

texto é conferido um sentido final, como objeto estético – tarefa da “interpretação”<br />

–, a escrita de fanfiction passa a adquirir um caráter muito mais<br />

98<br />

Disponível em: http://www.fanfiction.net/s/2964607/1/Depois_de_Muitas_Manhas_Ensolaradas.<br />

Acessado em: nov. de 2010.<br />

99<br />

Para as Teorias da Comunicação, feedback “significa que há uma preocupação básica sobre o<br />

controle do processo informacional ou comunicacional. A origem do termo grego igualmente nos<br />

ajuda a compreender seu sentido: timoneiro. Isso significa que o timoneiro, rumando para o porto,<br />

move o leme em direção ao ponto desejado e avalia o movimento do navio, podendo corrigi-lo, se<br />

necessário, dosando, em seguida a força (velocidade) que imprimirá à embarcação (FISKE, 1993, p.<br />

38). Fundamentalmente, traduz o processo pelo qual a reação do decodificador (receptor) é transmitida<br />

ao codificador (emissor), permitindo, assim, que o emissor venha a saber como sua mensagem<br />

foi recebida. [...]No caso da comunicação, o feedback é exercido a partir dos comportamentos<br />

dos receptores, devidamente percebidos e avaliados pelo emissor original de uma mensagem, o<br />

que lhe permite manter ou modificar o processo de comunicação” (HOHLFELDT, Antonio. Verbete<br />

“Retroalimentação (feedback)”. In: MELLO, José Marques de et al. (Org.) Enciclopédia Intercom de<br />

Comunicação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação, 2010).<br />

Disponível em CD-Rom.<br />

100<br />

No capítulo 2.1, explico essa diferença, conforme a teoria comunicacional de Iser.

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