HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 25<br />
como hiperleitura e hiperleitor e, mais ainda, os neologismos “escrileitura” e<br />
“escrileitor” que, embora já utilizados como uma espécie de tradução para<br />
o termo wreader 26 , recebem aqui outro sentido. No dicionário deste livro,<br />
todas essas palavras já são correntes, conceitos demarcados e de existência<br />
prática. A utilização de itálico propõe, além da forma usual para os nomes de<br />
títulos de livros e periódicos, distinguir termos que são conceitos já definidos<br />
em suas áreas específicas, destacando seu sentido isoladamente na frase – a<br />
exemplo de textual poachers – e, ainda, indicar que o sentido do termo é<br />
denotado ou metafórico, como em visibilidade. O uso de aspas serve para<br />
destacar as palavras que, dentro de uma sentença, estejam sendo citadas<br />
como termos e não em seu significado, como em: “O termo “gênero” diz<br />
respeito ao enredo da história”, além da forma convencionada para citações<br />
ou para o destaque de palavras e expressões correntes ou assentadas por<br />
outrens, como em “estranhamento” e “o menino que sobreviveu”. Essa<br />
explicação serve não apenas para ajudar o leitor deste livro, mas também<br />
mostra como a convergência da hipermídia tem agido não apenas sobre a<br />
linguagem, mas também sobre a língua.<br />
A vontade que me guia é a de alargar as fronteiras do literário, atualizando<br />
o sistema: um upgrade. Há mais de 40 anos, recém Jauss chamava o<br />
leitor para a conversa histórica. Hoje, com aquela história ainda incompleta,<br />
temos meios de incluir outras espécies de “efeito” dos textos, neste panorama<br />
tão vasto, em que a literatura divide espaço com diversas formas de arte,<br />
tanto mais acessíveis quanto mais suportes elas dispõem para existir e seu<br />
leitor para acessá-las. “Responder” tem sido uma atitude pós-moderna 27 ,<br />
quando se alardeiam os direitos das mais diversas instâncias sociais. É preciso<br />
comunicar-se, agir e interagir, participar, ser no mundo. Modificam-se<br />
as formas de respostas, mudam os textos, seus autores, suas escritas, os<br />
suportes, e seus leitores – o ser humano –, numa interação constante. Uma<br />
26<br />
Na tese de Pedro Barbosa, em 1992, e no livro dele com Abílio Cavalheiro, A teoria do homem<br />
sentado, de 1996.<br />
27<br />
Entendo aqui o pós-moderno não como categoria que a distingue – em consecução ou oposição<br />
– do moderno, mas como o momento contemporâneo, marcado pelas transformações provocadas<br />
pela convergência de mídias.