15.01.2016 Views

HIPERLEITURA

WG5b2B

WG5b2B

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ana Cláudia Munari Domingos 59<br />

mercado que cada vez mais se volta ao receptor como um consumidor – um<br />

corpo repleto de percepções que podem ser amplamente conectadas através<br />

da hipermídia 12 . Esse receptor, atualmente objeto de estudo de várias<br />

áreas das Ciências Humanas – a Comunicação, a Sociologia, a Educação, a<br />

Biologia, a Psicologia –, foi durante muito tempo apenas um “leitor”, visto<br />

sob a perspectiva da Estética da Recepção, estudo integrante da Teoria da<br />

Literatura iniciado a partir das proposições de Hans Robert Jauss.<br />

O crescimento da indústria cultural foi o impulso para o interesse<br />

pela categoria do público, principalmente pelos estudos do campo da<br />

Comunicação, que desejavam compreender a influência dos novos meios<br />

no receptor e a formação de públicos. De outro lado, teóricos e críticos de<br />

outras alas, como a Sociologia e a Literatura, ignoravam essa abordagem por<br />

acreditar que os meios de comunicação não apenas deitavam sobre o público<br />

um conteúdo alienante, como produziam uma cultura própria – a cultura<br />

de massa – que contrariava os pressupostos da Arte a que eles buscavam<br />

definir. A passividade do público da cultura de massa foi o pretexto para<br />

que a instância do leitor não tivesse crédito junto aos estudos da Teoria da<br />

Literatura, receosa de incluí-lo na categoria de um consumidor – de arte,<br />

de cultura, de lixo?<br />

O fluxo de comunicação da cultura de massa – emitido por poucos e<br />

recebido por muitos, sem a possibilidade de retorno – é o que, para Santaella,<br />

distingue-a da “Cultura das mídias” 13 e, ainda, da cultura digital. A era da<br />

“Cultura das mídias”, iniciada nos anos 80 do século XX, caracteriza-se pelo<br />

nascimento de redes de complementaridade, possibilitada pelo surgimento<br />

armazenamento de textos em sistemas integrados. (Verbete “convergência”. Rüdiger, Francisco.<br />

In: MARCONDES FILHO, Ciro (Org.). Dicionário da Comunicação. São Paulo: Paulus, 2009, p. 79)<br />

12<br />

Conceito que partiu das Ciências da Informática, que designa a confluência de mídias simultânea<br />

ou sequencialmente num mesmo espaço físico ou temporal. Como explicarei em capítulo pertinente,<br />

para alguns teóricos, a hipermídia reúne todas as mídias, alargando a ideia de multimídia.<br />

Para outros, o “hiper” refere-se ao ambiente em que isso é possível, o ciberespaço, onde o usuário<br />

participa de sua construção, tese que é válida para este trabalho.<br />

13<br />

Santaella distingue seis eras culturais: oral, escrita, impressa, de massas, das mídias, digital. Enquanto<br />

essa última tem na convergência midiática sua principal característica distintiva, a era das<br />

mídias, por sua dinâmica “de aceleração do tráfego, das trocas e das misturas entre as múltiplas<br />

formas, estratos, tempos e espaços da cultura”, impõe-se como exemplo da cultura pós-moderna.<br />

(SANTAELLA, Lúcia. Artes e culturas do pós-humano, São Paulo: Paulus, 2003, p. 59)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!