HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 15<br />
em que nossa produtividade entra em jogo, ou seja, quando os textos nos<br />
oferecem a possibilidade de exercer as nossas capacidades”. No entanto, é<br />
preciso que eu estabeleça os parâmetros desse primeiro viés da proposta:<br />
o texto de Rowling deve ser considerado numa perspectiva dinâmica, que<br />
envolva o conjunto significante do texto – tutto quanto possa ser lido nele,<br />
o que, atualmente, supõe dizer que é muito mais do que as letras no papel.<br />
Conforme Iser, são os vazios do texto os responsáveis por invocar a<br />
participação do leitor, prevendo, assim, determinado efeito. Esse efeito é o<br />
segundo elemento examinado em minha pesquisa, cujo objeto é a produção<br />
escrita do leitor, ou as possibilidades que ele elabora para os vazios do texto<br />
através das fanfictions. Tais lacunas seriam justamente as possibilidades que<br />
o texto Harry Potter oferece ao seu leitor, permitindo as suas entradas, e<br />
que, aqui, serão verificadas a partir do exame das zonas de indeterminação.<br />
Dessa forma, elegi as ideias de Wolfgang Iser como substratos para a<br />
interpretação. No entanto, novamente é preciso explicar em que condições<br />
isso funciona: o mote são as palavras “comunicação” e “efeito”. Um tanto<br />
amplo, seu sentido me possibilitou pensar não apenas no resultado stricto<br />
sensu da leitura – a concretização de sentido –, como Iser idealizou, mas<br />
no ato de ler como um acontecimento. Os estudos de Estética da Recepção<br />
voltam-se sobre o texto (como uma estrutura esquemática em que se<br />
entrelaçam ditos e não ditos) – e lá está o leitor invisível que ela procura.<br />
A Teoria do Efeito, de Iser, insere certo grau de visibilidade, permitindo ao<br />
crítico evidenciar seu próprio horizonte de sentido, possibilitando que ele<br />
próprio seja o leitor, tornando-se, portanto, entrevisto no texto, ao assumir<br />
posições nas lacunas. Entendo que essa é a única forma de praticar a proposição<br />
teórica sem que a infinidade de concretizações possíveis (uma para<br />
cada leitor!) torne infinito o processo, ou, numa perspectiva contrária, feche<br />
o sentido, como se o texto fosse um quebra-cabeças de peças definidas.<br />
Os termos “texto” e “efeito”, portanto, remetem a ideias que talvez não<br />
correspondam exatamente àquilo que foi pensado por Wolfgang Iser, mas<br />
que, sem contradizer, amplia seus sentidos dentro de um novo contexto.<br />
A partir de tal apreciação, surgem novas perspectivas críticas, dentre as