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HIPERLEITURA

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130<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

segundo, como “meio”, materialidade técnica. Mas isso não desfaz a constante<br />

confusão entre os novos conceitos tecnológicos, alvos da própria virtualidade<br />

e da inconstância do ambiente que os revela, frente à permanente<br />

transformação dos meios de comunicação. Há, ainda, a versão de Vaughan,<br />

para quem “a multimídia torna-se hipermídia quando seu projetista oferece<br />

uma estrutura de elementos interconectados através da qual um usuário<br />

pode navegar e interagir”. IX Enfim, também mostro como a convergência<br />

de mídias termina por hibridizar os sentidos ou as diferenças entre texto e<br />

mídia, fato consumado e irrevogável.<br />

Para muitos estudiosos, inclusive para Theodor Nelson e Pierre Levy,<br />

proprietários intelectuais da marca 7 , o conceito de hipertexto nunca foi<br />

colocado em prática na forma como previsto, o que hoje nem seria viável.<br />

Para eles, o hipertexto deveria permitir que o próprio usuário – e não apenas<br />

o programador – inserisse links, mas sempre de forma que toda a rede<br />

interligada por eles terminasse em alterar o conteúdo – ou influenciar o<br />

sentido – do texto fundamental, numa via que sempre a ele retorne. De<br />

forma simplista – e aceitando a existência do hipertexto como uma rede de<br />

textos interligados de forma não linear –, podemos tomar como exemplo<br />

clássico uma enciclopédia em cd-rom como sua possibilidade 8 .<br />

7<br />

A ideia de hipertexto, como uma rede de textos conectados entre si, é muito antiga e remonta<br />

até mesmo ao manuscrito, quando os leitores faziam anotações nas bordas do texto, alterando<br />

os sentidos do primeiro. Em 1945, o matemático Vannevar Bush propôs a criação do Memex, um<br />

dispositivo que possibilitava ao leitor criar conexões entre textos de forma associativa, como uma<br />

rede, rompendo com a ideia de uma enunciação linear do texto. Além disso, os caminhos construídos<br />

pelos leitores podiam ser arquivados e trocados entre os usuários, propondo uma construção<br />

coletiva de dados. Ted Nelson, em 1965, coloca em prática a invenção de Bush, criando um sistema,<br />

então computadorizado, de leitura não linear de textos, o Projeto Xanadu. Amparado pela tecnologia<br />

da web, Pierre Levy enxergou no ciberespaço a possibilidade de um hiper-cérebro – a inteligência<br />

coletiva –, capaz de utilizar a forma do hipertexto como ferramenta para a construção de<br />

conteúdos coletivos (RIBEIRO, Ana Elisa; COSCARELLI, Carla Viana (Org.). Hipertexto em tradução.<br />

Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2007).<br />

8<br />

Qualquer texto pode se tornar hipertexto através da leitura, em que, virtualmente, o leitor circula<br />

por citações e referências mentais. Não é este o caso aqui. O hipertexto digital faz referência a<br />

outros textos, que ele permite sejam acessados a partir dele, através de links. Sua não linearidade,<br />

portanto, é limitada por ele mesmo, e não pelo leitor.

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