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HIPERLEITURA

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Hiperleitura e escrileitura<br />

ções sugeridas pelas estratégias textuais. A história do efeito, por assim<br />

dizer, demonstraria a mudança dos sentidos de um texto e a consequente<br />

transformação no horizonte de expectativas do próprio leitor.<br />

A Teoria do Efeito, se demanda interpretações horizontais, distingue-se<br />

por não impetrar o viés historicista em primeiro plano, permitindo, que a<br />

interação entre o texto e um leitor específico seja tomada em sua validade<br />

na formação de um sentido particular. A atualização, por conseguinte,<br />

ocorre através do preenchimento da indeterminação pelo leitor, através de<br />

sua interação com o texto; e o efeito é o acontecimento vertical do sentido.<br />

Certamente que, a partir do contexto que envolve essa leitura individual,<br />

é possível exercer um pensamento histórico, estabelecendo significados<br />

para um seguimento de leituras e suas relações. Ressalte-se, portanto, que<br />

o leitor, para a Estética da Recepção, é um indivíduo histórico, ainda que<br />

visto através do texto, enquanto que, para a Teoria do Efeito, de Iser, ele<br />

é, antes, uma presença no texto, a possibilidade de um efeito particular.<br />

A constituição do leitor – tudo aquilo que é criado a partir do objeto<br />

estético – configura-se, assim, em possibilidade material para conceber o<br />

texto como um processo, tal como aqui a fanfiction constitui-se em polo<br />

de análise para a compreensão da formação de sentido do texto original,<br />

aquele a que ela responde. Essa escrita do leitor na internet apresenta<br />

certamente elementos idiossincráticos que possibilitam observar aspectos<br />

da concretização do texto pelo leitor e, como foi aqui dito, pensar o efeito<br />

do texto também como uma resposta material.<br />

Essa manifestação concreta de um ato de leitura, que acontece através<br />

da escrita, diferentemente da recepção ordinária, que termina com o livro<br />

na estante, é instigada pelas estratégias do texto, principalmente pela indeterminação,<br />

descrita por Iser como provocadora de respostas por parte do<br />

leitor. Além da estratégia do corte e segmentação – a quebra da continuidade,<br />

os ganchos que desencadeiam outros significados, o suspense que incita<br />

ao prosseguimento da leitura –, Iser enumera outros procedimentos que<br />

podem favorecer o surgimento de indeterminação no texto: a introdução<br />

repentina de novos personagens, a entrada inesperada de novas linhas de

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