HIPERLEITURA
WG5b2B
WG5b2B
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
80<br />
Hiperleitura e escrileitura<br />
ções sugeridas pelas estratégias textuais. A história do efeito, por assim<br />
dizer, demonstraria a mudança dos sentidos de um texto e a consequente<br />
transformação no horizonte de expectativas do próprio leitor.<br />
A Teoria do Efeito, se demanda interpretações horizontais, distingue-se<br />
por não impetrar o viés historicista em primeiro plano, permitindo, que a<br />
interação entre o texto e um leitor específico seja tomada em sua validade<br />
na formação de um sentido particular. A atualização, por conseguinte,<br />
ocorre através do preenchimento da indeterminação pelo leitor, através de<br />
sua interação com o texto; e o efeito é o acontecimento vertical do sentido.<br />
Certamente que, a partir do contexto que envolve essa leitura individual,<br />
é possível exercer um pensamento histórico, estabelecendo significados<br />
para um seguimento de leituras e suas relações. Ressalte-se, portanto, que<br />
o leitor, para a Estética da Recepção, é um indivíduo histórico, ainda que<br />
visto através do texto, enquanto que, para a Teoria do Efeito, de Iser, ele<br />
é, antes, uma presença no texto, a possibilidade de um efeito particular.<br />
A constituição do leitor – tudo aquilo que é criado a partir do objeto<br />
estético – configura-se, assim, em possibilidade material para conceber o<br />
texto como um processo, tal como aqui a fanfiction constitui-se em polo<br />
de análise para a compreensão da formação de sentido do texto original,<br />
aquele a que ela responde. Essa escrita do leitor na internet apresenta<br />
certamente elementos idiossincráticos que possibilitam observar aspectos<br />
da concretização do texto pelo leitor e, como foi aqui dito, pensar o efeito<br />
do texto também como uma resposta material.<br />
Essa manifestação concreta de um ato de leitura, que acontece através<br />
da escrita, diferentemente da recepção ordinária, que termina com o livro<br />
na estante, é instigada pelas estratégias do texto, principalmente pela indeterminação,<br />
descrita por Iser como provocadora de respostas por parte do<br />
leitor. Além da estratégia do corte e segmentação – a quebra da continuidade,<br />
os ganchos que desencadeiam outros significados, o suspense que incita<br />
ao prosseguimento da leitura –, Iser enumera outros procedimentos que<br />
podem favorecer o surgimento de indeterminação no texto: a introdução<br />
repentina de novos personagens, a entrada inesperada de novas linhas de