HIPERLEITURA
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Hiperleitura e escrileitura<br />
quarto poder 48 nas mãos de empresas midiáticas – poder esse oriundo da<br />
estrutura do capital em vez de constituído pelo regime democrático –,<br />
que o sustentam justamente através dos meios de comunicação, Rodrigo<br />
Duarte expõe a questão da baixa qualidade do conteúdo das novas mídias:<br />
Sob o aspecto da lucratividade do empreendimento, esse aparato<br />
dissemina produtos de baixíssima qualidade cujo custo é reduzido<br />
ou, pelo menos, não necessariamente alto em termos relativos, sob<br />
a alegação de que o grande público deseja apenas entretenimento<br />
e diversão, sem levar em consideração qualquer responsabilidade<br />
de ordem educacional, formativa ou cultura que seus recursos<br />
tecnológicos comportam e até facilitariam. XXXV<br />
Isso propõe pensar que a possibilidade de uma interação midiada por<br />
computador, apesar de sua possibilidade para o aprendizado, o incentivo,<br />
o fomento e mesmo a criação do hábito das práticas de leitura e escrita,<br />
não seja capaz de contribuir para a formação do leitor, pelo menos não nos<br />
moldes que a escola tem desejado formar:<br />
Um leitor permanente e crítico, capaz de escolhas no universo<br />
literário, universo esse que lhe é conhecido em suas variantes<br />
formais, temáticas e de linguagem, e cujos ideais estéticos lhe<br />
são visíveis. Assim: um leitor que escolhe, lê, interpreta, avalia e<br />
responde, atendendo a uma necessidade sua e, melhor, tudo isso<br />
com o maior prazer. XXXVI<br />
Se o prazer, tanto o de ler, quando o de responder à leitura 49 , como<br />
mostram os fanficcers, é o mote para a escrileitura em rede, em contraposição<br />
às leituras impostas pela escola, torna-se ainda mais necessária a<br />
reflexão sobre o espaço em que a hiperleitura ocorre. Se não é possível a<br />
configuração organizada do conteúdo em rede, pelo menos não nos moldes<br />
da construção tradicional de conhecimento, é necessário conhecer<br />
as práticas contemporâneas de leitura, a fim de adaptar os modelos de<br />
48<br />
Como são chamadas as “instâncias que controlam a comunicação de massa”, de onde advém um<br />
aparato cujo poderio é comparável aos outros três – Executivo, Legislativo e Judiciário (DUARTE,<br />
Rodrigo. Teoria crítica da indústria cultural. Belo Horizonte: UFMG, 2001, p. 7,8).<br />
49<br />
Barthes diz: “Escreve-se talvez menos para materializar uma ideia do que para esgotar uma<br />
tarefa que traz em si sua própria felicidade”. (BARTHES, Roland. Crítica e verdade. São Paulo: Perspectiva,<br />
2003, p. 17.)