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HIPERLEITURA

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Hiperleitura e escrileitura<br />

e criação, de outro, torna-se, justamente pela sua frequência nesses canais,<br />

o grupo consumidor ideal, que circula, persegue e divulga os produtos que<br />

não apenas essas mídias oferecem, mas que giram em torno delas.<br />

Marck Zuckerberg, o criador do Facebook e “Homem do Ano” 8 , é o<br />

exemplo perfeito do hiperleitor, que decidiu, ainda, construir sua própria<br />

rede, simulando aquilo que ele não conseguia dispor na vida real: relações<br />

sociais. E é muito provável que seja um escrileitor, que escreve lendo e lê<br />

escrevendo, na tela e, talvez, ainda a partir dos livros, pois é plausível que<br />

como aluno de Harvard ele seja ou tenha sido um leitor de livros. Mesmo<br />

folheando livros em papel, certamente sua leitura deixou de ser o procedimento<br />

linear a que estamos acostumados e com o qual fomos alfabetizados.<br />

Aprendemos a ler da primeira página à final, um bloco textual com início e<br />

fim, o livro fechado, na última palavra do epílogo, e inteiramente visível na<br />

estante – como forma de ratificar nosso conhecimento e erudição. Nossos<br />

interesses, despertados pela leitura, podiam ser satisfeitos também de<br />

forma linear, numa enciclopédia, no dicionário, nas mídias impressas, no<br />

face a face com outro leitor e, raramente, na televisão aberta – veículo de<br />

massa de fluxo de mão única. Nossa resposta, ou uma exigência do currículo<br />

escolar, baseava-se em fichas de leitura, provas e nas mais recentes formas<br />

de troca literária – debates, seminários e saraus –, ou se dava através da<br />

crítica institucionalizada. Agora, os hiperleitores, fechado o livro em papel,<br />

recorrem ao ciberespaço como forma de interpretação: consultam, ampliam,<br />

reescrevem os epílogos – transformam a massa hipermídianeste híbrido<br />

que recebe o nome de “conteúdo”.<br />

Por outro lado, essa transformação está associada à passagem da lógica<br />

da oferta de conteúdo para a da demanda, o que, para Dominique Wolton,<br />

implica uma mudança radical nas esferas culturais e sociais da comunicação<br />

– estatutos nos quais esta sociedade se ampara. IX Tentando responder à<br />

pergunta “Internet, e depois?”, Wolton alerta para a necessidade de se “reexaminar<br />

o comportamento do receptor” X diante das rupturas provocadas<br />

8<br />

Escolha erigida pela revista Times, conforme já referi no capítulo anterior.

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