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HIPERLEITURA

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2 A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO<br />

“Foi Edgar Alan Poe quem primeiro fez análise racional dessa<br />

tomada de consciência profunda do “processo” poético ou literário,<br />

e quem viu que, ao invés de endereçar a obra ao leitor,<br />

era necessário incorporar nela o leitor.”<br />

Marshal McLuhan<br />

2.1 Do leitor de papel ao leitor invisível<br />

Quando um fenômeno como a série Harry Potter acontece no cenário<br />

cultural, é consecutiva a ação dos teóricos da área, que logo vêm a campo<br />

desvendar os motivos dos números, ou das cifras, dividindo-se entre<br />

defensores ou detratores daquilo que uns chamam apenas de literatura, e<br />

outros usam acrescentar locuções adjetivas – de massa 1 , de consumo. Mas,<br />

se poucos ainda fazem a pergunta sobre o que alça um livro à categoria de<br />

best-seller, muitos ainda persistem na discussão sobre a própria categoria<br />

da arte. Superando os debates (ou embates) sobre arte-versus-cultura-versus-cânone-versus-valor,<br />

a invenção de J. K. Rowling difere pelo entrelugar<br />

em que inicialmente se assentou – ou justamente por criar outra posição 2 .<br />

1<br />

Não pretendo entrar no debate, mas é necessária uma intervenção preliminar: “A expressão massa<br />

designa um dos contextos em que ocorre a comunicação (LITTLEJOHN, 1982). Uma das características<br />

da comunicação de massa é ser preponderantemente unilateral, composta por uma audiência<br />

anônima, impessoal, vasta e heterogênea. As mensagens que se dirigem às massas são públicas e<br />

abertas, com feedback ilimitado”.(STRELOW, Aline. Verbete “Massa”. In: MELLO, José Marques de et<br />

alli (Org.) Enciclopédia Intercom de Comunicação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares<br />

de Comunicação, 2010. Disponível em CD-Rom).Inicialmente possível pela criação dos<br />

jornais como veículos de massa, o termo passou a definir também aquilo que era dirigido a determinado<br />

público, formando certa categoria (para não dizer “gênero”) com características próprias, que<br />

possibilitassem não apenas atingir a massa – maioria, grande volume de pessoas –, como agradá-la.<br />

Hoje, a que podemos chamar de meios de massa, com a inclusão do computador? Além disso, com a<br />

facilidade dos novos meios, podemos chamar de produto de massa a todo aquele que pode alcançar<br />

um grande público? Esclarecendo, minimamente, “de massa” estabelece aquilo que é “consumido”<br />

por uma maioria, mas também poderia significar aquilo que é rejeitado pela elite intelectual e pela<br />

academia, em contraposição aos produtos que eles consomem. O que não se pode é confundir o termo<br />

e denominar a série Harry Potter como cultura de massa apenas porque se tornou um best seller.<br />

2<br />

Assentado no espaço das obras que conquistam grandes públicos leitores, como O senhor dos anéis,<br />

Harry Potter distingue-se, primeiro, porque, inicialmente classificada como Literatura Infantil e Juvenil,<br />

termina por agregar entre seus leitores pessoas de gêneros, idades, classes, níveis de escolaridade<br />

distintos. Depois, no “lugar” em que habitam os textos que provocam a escrita de fanfictions, a série de

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