HIPERLEITURA
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Hiperleitura e escrileitura<br />
semiológico da crítica tradicional 7 e, ainda, além da crítica contemporânea 8 ,<br />
seria uma prática que se arrisca na experiência da linguagem para produzir<br />
um novo sentido, esse sim seu objetivo. Dessa forma, compreender o texto<br />
significaria preencher seus vazios através de uma leitura-escritura, que aqui<br />
passo a chamar de escrileitura – e seu produtor, o escrileitor.<br />
No campo da ciberliteratura, ou da literatura ergódica, em que cabe<br />
ao computador o papel de selecionar palavras (de um banco de dados) e<br />
combiná-las, resultando em uma obra “variacional” – alguns chamam de<br />
arte variacional – Pedro Barbosa IV chama escrileitor ao leitor que lê nesse<br />
espaço virtual. O texto, aí, resulta de um processo combinatório realizado<br />
pela máquina que, quando permite a interatividade do leitor no processo<br />
de leitura-escrita, transforma o leitor em escrileitor:<br />
A introdução da interactividade no momento da recepção do texto<br />
em processo pode conduzir a uma interversão simbiótica nas<br />
funções tradicionais do autor e do leitor mediante uma maior ou<br />
menor participação deste último no resultado textual final: entra-se<br />
num processo de escrita pela-leitura ou de leitura-pela-escrita que<br />
se pode denominar de “escrileitura”, o que implica um novo papel<br />
para o utente/leitor - “escrileitor”, “wreader” ou “laucteur” (p. 7)<br />
Escrileitor e máquina são então autores do texto, como expõe Barbosa.<br />
A interatividade desse leitor no processo pode variar, indo desde a mera<br />
navegação à combinação de elementos para compor o poema. Neste último<br />
caso, talvez o mais adequado, pensando no modo como se constrói esse texto<br />
virtual, chamar o processo de authreading, e o agente, de authreader. Aliás, o<br />
fato de a aglutinação em francês acontecer entre o termo “lecteur” e “auter”<br />
e não “écrivain” diz bastante sobre o sentido de escrileitura como tomam os<br />
estudos de ciberliteratura. Em português, no entanto, os termos autor e leitor<br />
não se ajustam, e aí, a escolha recaiu na tradução de wreader: escrileitor. 9<br />
7<br />
Anterior ao séc. XIX, aquela falada por Brunetière, cujo texto é portador de uma mensagem em<br />
que a primazia está apenas no que é dito (e não no como). (PERRONE-MOISÉS, Leyla. Texto, crítica,<br />
escritura. São Paulo: Martins Fontes, 2005).<br />
8<br />
Aberta aos estudos culturais, acompanha seu objeto, seguindo em linguagem e forma novas expressões,<br />
mas que ainda supõe a metalinguagem como objetivo.<br />
9<br />
Pensando nesse processo de authreader, ou autleitor, se fôssemos traduzi-lo através de uma aglutinação<br />
similar, podemos chegar aos poemas das vanguardas concretistas, quando é necessário que