HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 167<br />
não apenas cartas, mas principalmente novos episódios para a série. O<br />
que é perceptível nessa very short introdução sobre efeitos de textos é,<br />
preliminarmente, a noção de que não apenas cada texto tem um leitor<br />
ideal e uma leitura social e historicamente específica, cuja compreensão<br />
é até mesmo difícil de ser atualizada, como nos diz Darnton, mas que a<br />
configuração midiática desses textos – seus suportes e principalmente as<br />
possibilidades materiais de resposta – têm afetado mesmo o conceito de<br />
leitor e os significados da palavra “fã”.<br />
Atualmente, no entanto, dispomos de outros meios de alcançar a<br />
formação de sentido por leitores individuais, leitores que encontraram<br />
meios de expressar concretamente suas interpretações. Pensar os modos<br />
de leitura hodiernamente é pensar em processos múltiplos, afetados por<br />
suportes e funções diversas. Além disso, as possibilidades de responder de<br />
forma criativa ao objeto de leitura, propiciadas pelo alcance dos meios de<br />
comunicação e pelas técnicas de reprodução, levaram à perda da aura 73<br />
da arte e mesmo da sacralidade do objeto livro. Criar objetos de expressão<br />
– artísticos ou comunicacionais – está ao alcance de grande parte dos<br />
leitores e, mais ainda, direcionar tais objetos a outros receptores não é mais<br />
privilégio de instituições.<br />
Os modos de recepção dos textos cada vez mais se direcionam para<br />
uma configuração interativa, possibilitada pelo canal duplo das novas mídias,<br />
principalmente a internet, em que os leitores – internautas, jogadores, blogueiros<br />
74 – constituem modos de ler em que a resposta – escrita, imagem,<br />
jogo, música – é intrínseca à leitura. Entre essas respostas, a escrita do fã<br />
é um fenômeno cuja evolução é amplamente observável na internet, em<br />
vários sites que postam fanfiction.<br />
73<br />
Para Walter Benjamim, “o que murcha na era da reprodutibilidade da obra de arte é a sua aura”;<br />
ou seja, em lugar da ocorrência única do objeto artístico, a ocorrência em massa, que o afasta da<br />
autoria e o aproxima daquele que o apreende, alterando a relação do público com a arte (BENJA-<br />
MIM, Walter. A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica. Prólogo, II, p. 3. Disponível<br />
em: http://www.scribd.com/doc/17365360/Walter-Benjamin-a-Obra-de-Arte-Na-Era-de-Sua-<br />
-Reprodutibilidade-Tecnica. Acesso em: dez. 2010).<br />
74<br />
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