HIPERLEITURA
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Hiperleitura e escrileitura<br />
ração do “espectador” na arte digital. No entanto, o ciberespaço é ainda o<br />
meio mais fértil para a produção de bens culturais de forma coletiva, o que,<br />
evidentemente, leva à associação entre aquela e a cultura de massa – seu<br />
produto final.<br />
3.3 O leitor visível<br />
Ao escolher o termo “cultura das mídias” para o advento que observava<br />
na década de 90 do século XX, Santaella já optara pela palavra plural – mídias,<br />
por perceber não apenas a crescente rede de complementaridade,<br />
intercâmbio e interatividade que se desenvolvia no mundo cada vez mais<br />
informatizado, mas também por apreender “as novas modalidades de criação<br />
artística presentes na exploração dos potenciais de uma estética das mídias<br />
e entre mídias” LXVIII . Não só o termo mídia pluralizava-se, como deixava de<br />
ser uma ferramenta – e um conceito – restrito ao campo das comunicações.<br />
Esse processo de imbricamento das mídias trouxe um contexto que extrapolou<br />
o âmbito da comunicação, em que a provisoriedade, a mobilidade, a<br />
intercomplementariedade e o próprio processo de proliferação das mídias<br />
alteraram profundamente o campo cultural. LXIX<br />
A ampliação dessas mesmas características, com a entrada de novas<br />
tecnologias e o crescimento da comunicação em rede, culminou na cultura<br />
digital, a que se soma, ainda, a participação ativa dos usuários. No campo<br />
da produção artística, Bourriaud observa a influência:<br />
Todas essas práticas artísticas, embora muito heterogêneas em<br />
termos formais, compartilham o fato de recorrer a formas já produzidas.<br />
Elas mostram uma vontade de inscrever a obra de arte numa<br />
rede de signos e significações, em vez de considerá-las como uma<br />
forma autônoma ou original. Não se trata mais de fazer tábula rasa<br />
ou de criar a partir de um material virgem, e sim de encontrar um<br />
modo de inserção nos inúmeros fluxos da produção. LXX<br />
A possibilidade de intercâmbio e interferência nos produtos culturais<br />
alterou não apenas as práticas de recepção, mas também seus modos de<br />
produção, que atingiram um alto grau de intertextualidade e intermidialidade.<br />
A originalidade, como intenção, cedeu lugar ao desejo de inscrição