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HIPERLEITURA

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62<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

A mudança de perspectiva do “texto” – forma e estrutura linguística –<br />

para seu “sentido”, e a tomada por uma consciência histórica, a partir das<br />

ideias de Gadamer, levou Jauss a defender a interpretação do leitor como<br />

eixo para a compreensão do próprio sistema literário. Embora tenha sido<br />

considerada uma reação à crítica vigente, as ideias de Jauss, levadas adiante<br />

por teóricos como Wolfgang Iser, tomam de empréstimo os modos de ler da<br />

Hermenêutica – ao buscar sentido no próprio ato de interpretação – e ainda<br />

nas práticas formalista, estruturalista e fenomenológica de análise textual.<br />

O Formalismo preocupou-se, mais do que em buscar um método, em<br />

resgatar a essência de seu objeto de estudo: a literariedade 15 . Assim, tentou<br />

isolar os estudos do texto de tudo que lhe fosse alheio, teoricamente, como<br />

a Psicologia, a História e a própria Estética, empréstimos que, sob o ponto<br />

de vista formal, obnubilavam a propriedade do literário. Posicionando-se<br />

contra as teorias do Romantismo e do Simbolismo, o método formal buscou<br />

romper com as análises subjetivistas e filosóficas, evocando a técnica e a<br />

cientificidade do fazer crítico, como explica Eikhenbaum: “O próprio estado<br />

das coisas nos pedia que nos separássemos da estética filosófica e das teorias<br />

ideológicas da arte” X . Para encontrar a especificidade do literário, os<br />

formalistas compararam a linguagem poética com a linguagem cotidiana,<br />

confrontando textos em que a função era diferente, orientando-se através<br />

de um viés linguístico.<br />

A concepção diacrônica do Formalismo tratava da evolução das formas<br />

– uma nova assumindo uma antiga. Sob o pretexto de que não se devia<br />

confundir a História dos costumes com a História da Literatura, o método<br />

formal excluía questões extratextuais, comparando antes obras a obras.<br />

Esse rigor em afastar tudo que fosse extrínseco ao texto, ao mesmo tempo<br />

em que admitia uma evolução – impossível sem a referência às condições<br />

sócio-históricas de produção e de leitura –, foi a contradição que impediu a<br />

continuidade dos estudos formalistas. Para alguns críticos, a análise imanente<br />

15<br />

Ou literaturidade, na tradução portuguesa para o russo literaturnost. EIKHENBAUM, B. A teoria<br />

do método formal (In: TODOROV, Tzvetan (Org.) Teoria da literatura I – Textos dos formalistas<br />

russos apresentados por Tzvetan Todorov. Lisboa: Ed. 70, 1999, p. 29-71).

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