HIPERLEITURA
WG5b2B
WG5b2B
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
198<br />
Hiperleitura e escrileitura<br />
e sobre o computador ou o celular, para debater sobre elas e preenchê-las,<br />
através da escrita de fanfictions.<br />
Tornou-se evidente, no entanto, a transformação da forma e do conteúdo<br />
das fanfics depois do fim da série. Observando, de antemão, que o<br />
maior número delas encontra-se classificada entre os gêneros romance,<br />
geral e drama, já é possível perceber que ainda persiste uma escrita que<br />
deseja uma comunicação eficiente com o texto original. Assim,muitos textos<br />
permanecem atentos e fiéis à série, buscando vazios para um preenchimento<br />
que não invista contra os argumentos da narrativa de Rowling, nem<br />
conteste os rumos da história. São os fanficcers para os quais o prazer da<br />
leitura se perpetua pela afirmação e pela distensão do texto – estendendo<br />
aquele universo ao máximo. A existência de poucas fanfics entre aquelas<br />
que desvirtuam o gênero da série original – parody, humor, supernatural,<br />
spiritual (nenhuma em sci-fi e western) reforça essa ideia.<br />
Por outro lado, a transformação não se dá apenas na diminuição drástica<br />
do tamanho dos textos, mas em seu conteúdo – pequenas histórias não<br />
dariam conta de responder à indeterminação da série em progresso. Essas<br />
shortfics, drabbles e songfics agora servem também como uma brincadeira<br />
teimosa, de quem não concorda com o fim da festa. A comunicação com os<br />
esquemas originais também é uma forma de acordar o texto adormecido,<br />
de fazê-lo contar novamente. Também é a maneira de que dispõe o leitor<br />
de justificar o valor da narrativa original e de conferir autenticidade à sua<br />
escrita, inserindo-o no fandom. Não um fandom qualquer, mas o fandom<br />
de Harry Potter, o menino que sobreviveu, como sobrevive sua história na<br />
escrita de seus leitores.<br />
(Endnotes)<br />
I MÜLLER, Adalberto. Verbete Intermedialidade, intermidialidade. In: MARCONDES<br />
FILHO, Ciro (Org.). Dicionário da Comunicação. São Paulo: Paulus, 2009. p. 190-191.<br />
II RAJEWSKI, Irina O. Intermidialidade, intertextualidade e “remediação”: uma<br />
perspectiva literária sobre a intermidialidade. Tradução de Thaïs F. N. Diniz e<br />
Eliana Lourenço de Lima Reis de RAJEWSKY, Irina O. Intermediality, intertextuality,<br />
and remediation: a literary perspective on intermediality. In: DESPOIX, Phillippe;<br />
SPIELMANN, Yvonne. Remédier. Quebec: Fides, s/d.