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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 239<br />

formação do leitor, sob o risco de, na cegueira de continuar empurrando<br />

o jovem ao livro, perdê-lo para sua interação solitária com o computador.<br />

Na mesma medida, também os espaços virtuais de socialização da leitura<br />

devem ser analisados 50 , como forma de compreender as novas modalidades<br />

de recepção, interpretação e crítica que os jovens vêm realizando.Talvez<br />

uma maneira coerente seja, enfim, não apenas procurar conhecer a hiperbiblioteca,<br />

as redes sociais e as novas formas de interação com textos em<br />

diferentes linguagens, mas, também receber com otimismo as publicações<br />

em e-book – apenas um outro jeito de se chegar àquele mesmo texto<br />

que líamos em papel, e, sobretudo, preparar-se para a nova configuração<br />

do sistema literário, que um dia vai integrar-se aos modos de produção e<br />

recepção do universo hipermídia.<br />

O sistema tradicional não deixa de existir, ao contrário, pode ter no<br />

ciberespaço um aliado, quando partilha e leva a outras leituras – como faz<br />

a literatura, ao captar o leitor para si e depois libertá-lo, transformado, no<br />

mundo (também transformado por um novo olhar). No ciberespaço, livros<br />

são vendidos, resenhados, criticados, oferecidos, apresentados; textos<br />

levam a outros textos; autores, textos, leitores e críticos se encontram. As<br />

boas histórias sempre serão escritas, a partir de novos contextos sócio-<br />

-históricos, novas técnicas, choques, fusões e diálogos interculturais, como<br />

é possível perceber no uso contemporâneo que as empresas midiáticas<br />

fazem da narrativa:<br />

Vivemos preocupados com o rumo do livro e seu conteúdo literário,<br />

com a decadência da leitura. No entanto, abre-se aí uma série<br />

de possibilidades para os contadores e ledores de histórias, uma<br />

nova dimensão do “poder da literatura”. Enquanto os alquimistas 51<br />

recriam fórmulas narrativas – enredos, personagens, espaços –,<br />

transforma-se também o espaço do literário e do leitor – o leitor<br />

mesmo, intérprete e fã da literatura. Parece-nos que temos de<br />

declinar da eterna preocupação com o fim do livro e da leitura dos<br />

50<br />

Cada vez mais, a arte é que promove o convívio e a interação humana. “A arte é um estado de<br />

encontro fortuito” (BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo.<br />

São Paulo: Martins, 2009, p. 25).<br />

51<br />

The Alchemists, nota 180.

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