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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 65<br />

simbólica. Tal sujeito, em princípio apenas enunciativo 18 , avançou para o<br />

outro lado do jogo, em que se requeria o caráter duplo do sentido.<br />

Se a evidência da “instabilidade da linguagem” evocava a sensação de<br />

uma presença (minimamente, no sentido psicológico) que pudesse ser a<br />

restrição para a matemática da estrutura – e que mais tarde se tornou a<br />

“personalidade” vista pelos então pós-estruturalistas –, o caminho consecutivo<br />

levou a ideias como a de Barthes sobre a polissemia do texto, e de<br />

Kristeva, sobre a significância – ambas requerendo o diálogo como princípio<br />

para o jogo do texto. O trabalho de formalistas e estruturalistas, sendo uma<br />

busca pelos princípios que supostamente regiam a literariedade do texto<br />

a priori, acabou por trazer à tona uma estrutura que conspirava a favor da<br />

instância do leitor.<br />

Na perspectiva de que a evolução estética pressupõe a evolução da obra<br />

tanto como nela estão inseridos os contextos da própria transformação<br />

da arte, num jogo recíproco – tal como concluiu Jauss –, podemos dizer<br />

que aquelas teorias acabaram por despertar o interesse pelas questões da<br />

interpretação nas teorias conseguintes, acionando o papel do leitor nos<br />

estudos da Estética da Recepção. Em suma, Jauss propôs pensar a interpretação<br />

pelo leitor numa perspectiva não apenas vertical – na leitura como<br />

constituição de um objeto artístico único – mas horizontal, influenciando<br />

o sistema literário diacronicamente.<br />

O foco de atenção da Estética da Recepção são os procedimentos de<br />

leitura, tomando o objeto estético como um acontecimento provocado<br />

pela relação entre sujeito e obra, em que a constituição de sentido se<br />

daria em função das orientações do texto, de um lado, e dos horizontes<br />

de expectativa de um sujeito historicamente situado, de outro. A primeira<br />

proposição dos Estudos da Recepção levava a investigar a literatura através<br />

da análise desse diálogo no decorrer da História, tomando-a em função de<br />

sua recepção por sujeitos distintos e em épocas, culturas e pensamentos<br />

diferentes. Esse leitor foi então cooptado como instância ativa no sistema<br />

18<br />

Talvez fosse melhor dizer “enunciante”, supondo, não a categoria linguística, mas o sujeito autor<br />

do discurso, em oposição ao que lê.

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