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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 265<br />

papel. No eixo da recepção, assim, a linearidade persiste, enquanto houver<br />

textos lineares, em papel ou digitais.<br />

No eixo da interpretação, Harry Potter provocou a hiperleitura, com a<br />

troca de informações entre o fandom e com a escrileitura em rede. À medida<br />

que os textos literários forem oferecidos ao hiperleitor – em rede – gradualmente<br />

os processos de recepção também vão adquirir contornos hiper<br />

– de convergência, de navegação, em que o texto literário será consumido<br />

não só “entre textos”, mas “entre mídias” e “entre leitores”. É inegável que<br />

a leitura compartilhada adquire amplos contornos em nossos tempos de<br />

relações sociais virtuais, e o significado que um texto literário adquire na<br />

interpretação coletiva traz um novo sentido à recepção. 22<br />

A partir daí, os debates sobre a literatura – formação do leitor, cânone<br />

e demais contraposições – adquirem realmente os contornos da hipermídia:<br />

na lógica da demanda, do consumo em grande escala, da perspectiva de<br />

resposta, que sentido o hiperleitor dará ao hipertexto literário, como forma<br />

atrelada ao universo em bites? A geração de hiperleitores, que se forma nesta<br />

era de tablets recém iniciada, não é, certamente, uma massa uniforme, pelo<br />

contrário, a característica mais evidente é a sua heterogeneidade, no que<br />

diz respeito ao encontro (virtual) de pessoas de todas as idades, sexos e<br />

culturas distintas. No entanto, quando a questão é a conformação de uma<br />

prática comum – a hiperleitura – que começa a adquirir contornos de uma<br />

atividade nivelada por habilidades e protocolos próprios, aí é possível pensar<br />

no hiperleitor como um leitor específico. É esse leitor que aqui tentei<br />

caracterizar, muito próximo do consumidor jovem de entretenimento, ágil<br />

nos recursos que as novas tecnologias de comunicação possibilitam.<br />

22<br />

O sentido de leitura estaria relacionado ao tanto que nossas interpretações, na direção de um<br />

eixo comum, podem ser compartilhadas, conforme Holland: “Certamente, leituras de trabalhos de<br />

literatura, como unidades, podem ser comparadas de uma forma quase equivalente pela eficiência<br />

com que elas trazem detalhes do drama, convergindo em torno de algum tema central. Mais<br />

importante do que isso, nós comparamos as leituras pelo quanto nós sentimos que podemos as<br />

compartilhar. “Certainly, readings of literature works for their unity can be compared in an almost<br />

quantitative way as to how effectively they bring the details of the play into convergence around<br />

some central theme. Even more important, however, we compare readings by the extent to wich<br />

we feel we share them” (HOLLAND, Norman N. Unity identity text self. In: TOMPKINS, Jane P.<br />

Reader-response Criticism: from formalism to post-structuralism. London (England): The Johns<br />

Hopkins University, 1980, p. 120).

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