HIPERLEITURA
WG5b2B
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Hiperleitura e escrileitura<br />
Depois da escrita, o aparecimento de novas formas de representação<br />
do mundo e o surgimento de novas mídias de comunicação também vieram<br />
a influenciar os modos de pensar, como nos informa Rodrigo Duarte:<br />
A invenção da fotografia – primeiro meio reprodutível tecnológico<br />
no sentido moderno do termo – foi contemporânea do surgimento<br />
do socialismo, coincidindo com a crise do padrão da legitimidade<br />
na produção da arte e, por conseguinte, com um momento em que<br />
toda a função social da arte foi subvertida. XXVII<br />
Se a invenção da fotografia foi capaz de alterar nossa forma de apreender<br />
o mundo, transformando nossa concepção de mímese e representação nas<br />
artes e promovendo um salto tecnológico no campo científico e comunicacional,<br />
potencializam-se as mudanças a partir do advento do cinema. A<br />
chegada da sétima arte foi o choque final na passagem do “encantamento”<br />
para a “ciência”, simultaneamente a outra espécie de encantamento, com<br />
os próprios rumos da arte e do fazer humano, que fixaram os termos da<br />
indústria cultural. Rodrigo Duarte, confirmando o cinema como parte de<br />
uma nova espécie de cultura de massa, lembra que, para Walter Benjamim,<br />
o cinema nascia no contexto de uma sociedade que se tornava cinética – ao<br />
mesmo tempo uma exigência e uma inovação, que trocou o foco da visão<br />
humana sobre o mundo. Conforme Duarte, aquém da questão massiva que<br />
Benjamim apresentou em “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade<br />
técnica”, ainda assim ele pensava positivamente a alteração provocada pela<br />
nova mídia, pois: “[...] o meio tecnológico tinha um impacto inegável tanto<br />
sobre a produção quanto sobre a recepção dos objetos estéticos, o que o<br />
tornava essencialmente crítico” XXVIII .<br />
Essa criticidade, no entanto, não se dá especificamente pela capacidade<br />
de interpretação do receptor, mas pela reversão do “divórcio entre o<br />
posicionamento crítico e o prazer estético no grande público, tendência<br />
que se aprofunda quanto menor é o significado social da arte”. XXIX Ou<br />
seja, trazendo a arte para mais perto do cotidiano, como a expressão de<br />
ações humanas visíveis na tela, o cinema aproximou o espectador da representação,<br />
tornando natural sua recepção: “Nesse modo, a percepção