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HIPERLEITURA

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216<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

De qualquer forma, a utilização do termo “versão” já aponta para o<br />

grau de relacionamento entre os textos primeiro e segundo, e assim ocorre<br />

com outros tipos de relação, cujos níveis vão desde referências mais sutis<br />

até a transposição da fábula do original, incluindo personagens, espaço e<br />

tempo, caso da fanfiction citada. Como o próprio Barthes sugere, é o grau<br />

e o reconhecimento da presença de um texto no outro que acusa a espécie<br />

de reformulação que é exercida por uma escritura.<br />

Gerard Genette XI é quem estabelece os parâmetros da transtextualidade:<br />

“ou transcendência textual do texto, que definiria já, grosso modo, como<br />

‘tudo que o coloca em relação, manifesta ou secreta com outros textos’” 15 .<br />

Genette define cinco tipos de relação transtextual: intertextualidade, paratextualidade,<br />

metatextualidade, hipertextualidade e arquitextualidade.<br />

Um texto pode apresentar simultaneamente mais de uma forma de relação<br />

com outro texto, caso da fanfiction, que se constitui de forma hipertextual<br />

em relação à série original, com a qual também mantém outras espécies de<br />

transtextualidades descritas por Genette.<br />

Genette desenvolveu ideias sobre a transtextualidade que abarcam, tanto<br />

a perspectiva tradicional, que relacionava o intertexto a gêneros ou textos<br />

específicos (paródia, citação, sátira, etc.), como a noção mais abrangente<br />

de intertextualidade, afirmada por Kristeva 16 , que rompia com a ideia da<br />

originalidade de toda obra literária e de autoridade para o autor, tornando<br />

o intertexto, como já explicitado no capítulo anterior, inerente à literatura.<br />

Para Genette, a relação transtextual se faz em diferentes níveis, desde<br />

a questão da paratextualidade, presente nos indicativos extratextuais, até<br />

a forma que ele chama de intertextualidade, que pode ser avaliada através<br />

da análise das questões intratextuais e que poderia chegar à classificação da<br />

fanfiction como uma paródia 17 , por exemplo. Já a relação hipertextual, nesse<br />

15<br />

“Cinco tipos de transtextualidade, dentre os quais a hipertextualidade.”<br />

16<br />

“Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de<br />

um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade” (KRIS-<br />

TEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 64.)<br />

17<br />

Os próprios autores de fanfiction podem, em quase todos os sites, eles mesmos estabelecer que<br />

tipo de relação se dá entre o texto construído por eles e o original, classificando as fanfictions como<br />

“paródia”, por exemplo.

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