HIPERLEITURA
WG5b2B
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Hiperleitura e escrileitura<br />
do texto cuja combinação exige a entrada do repertório e das estratégias<br />
do leitor – sua definição, então, resume-se a encontrar o lugar do receptor<br />
no texto e descrever as possibilidades de leitura, ou, de que forma a relação<br />
entre as perspectivas e os segmentos do texto foram realizadas para<br />
a construção de sentido. É preciso, dessa forma, colocar-se no lugar do<br />
leitor e erigir as perguntas que o texto provoca e que estimulam o engenho<br />
imaginativo , pois “apenas a imaginação é capaz de captar o não dado, de<br />
modo que a estrutura do texto, ao estimular uma sequência de imagens,<br />
se traduz na consciência receptiva do leitor”. XXXIV<br />
O procedimento metodológico da Estética da Recepção é sugerido<br />
pela hermenêutica literária e objetiva colocar em evidência a troca da obra<br />
com o receptor, a partir da lógica da pergunta e da resposta dentro do<br />
próprio texto – imanente, portanto. O princípio da pergunta e da resposta,<br />
que se define metodologicamente como dialético, já acompanhava Jauss<br />
como instrumental teórico, por possibilitar a explicitação do processo de<br />
interpretação dos textos e da natureza dialógica da literatura.<br />
Analisando os pressupostos de Iser na Teoria do Efeito, Hans Ulrich<br />
Gumbretch sinaliza para a introdução de “dois termos aparentemente<br />
sinônimos” XXXV – “leitor implícito” e “papel do leitor” –, inconsistência<br />
terminológica que ele julga como um sintoma do problema não resolvido<br />
no plano metodológico. Perguntando-se sobre a aplicabilidade da teoria,<br />
Gumbrecht coloca em questão se o conceito permite formular modelos,<br />
ou “estruturas de sentido meta-historicamente válidas”, que possam<br />
ser extraídos das, textos. A resposta, ele mesmo a explicita em seguida:<br />
“é impossível desenvolver um modelo transcendental de leitor a ponto<br />
de poder derivar constantes meta-históricas de sentido, a partir de sua<br />
aplicação a quaisquer textos” XXXVI .<br />
Duas questões podem ser apontadas aqui: a primeira delas, como uma<br />
forma de resolver a duplicidade do termo, embora não julgue relevante para<br />
o desenvolvimento deste trabalho. Ainda que eu considere que a palavra<br />
eleita pelo próprio Gumbrecht – transcendental – talvez fosse uma forma de<br />
cooptar essas instâncias não palpáveis de leitor em apenas uma, derivando