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HIPERLEITURA

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82<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

do texto cuja combinação exige a entrada do repertório e das estratégias<br />

do leitor – sua definição, então, resume-se a encontrar o lugar do receptor<br />

no texto e descrever as possibilidades de leitura, ou, de que forma a relação<br />

entre as perspectivas e os segmentos do texto foram realizadas para<br />

a construção de sentido. É preciso, dessa forma, colocar-se no lugar do<br />

leitor e erigir as perguntas que o texto provoca e que estimulam o engenho<br />

imaginativo , pois “apenas a imaginação é capaz de captar o não dado, de<br />

modo que a estrutura do texto, ao estimular uma sequência de imagens,<br />

se traduz na consciência receptiva do leitor”. XXXIV<br />

O procedimento metodológico da Estética da Recepção é sugerido<br />

pela hermenêutica literária e objetiva colocar em evidência a troca da obra<br />

com o receptor, a partir da lógica da pergunta e da resposta dentro do<br />

próprio texto – imanente, portanto. O princípio da pergunta e da resposta,<br />

que se define metodologicamente como dialético, já acompanhava Jauss<br />

como instrumental teórico, por possibilitar a explicitação do processo de<br />

interpretação dos textos e da natureza dialógica da literatura.<br />

Analisando os pressupostos de Iser na Teoria do Efeito, Hans Ulrich<br />

Gumbretch sinaliza para a introdução de “dois termos aparentemente<br />

sinônimos” XXXV – “leitor implícito” e “papel do leitor” –, inconsistência<br />

terminológica que ele julga como um sintoma do problema não resolvido<br />

no plano metodológico. Perguntando-se sobre a aplicabilidade da teoria,<br />

Gumbrecht coloca em questão se o conceito permite formular modelos,<br />

ou “estruturas de sentido meta-historicamente válidas”, que possam<br />

ser extraídos das, textos. A resposta, ele mesmo a explicita em seguida:<br />

“é impossível desenvolver um modelo transcendental de leitor a ponto<br />

de poder derivar constantes meta-históricas de sentido, a partir de sua<br />

aplicação a quaisquer textos” XXXVI .<br />

Duas questões podem ser apontadas aqui: a primeira delas, como uma<br />

forma de resolver a duplicidade do termo, embora não julgue relevante para<br />

o desenvolvimento deste trabalho. Ainda que eu considere que a palavra<br />

eleita pelo próprio Gumbrecht – transcendental – talvez fosse uma forma de<br />

cooptar essas instâncias não palpáveis de leitor em apenas uma, derivando

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