HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 133<br />
Alguns jornais passaram a oferecer sua versão impressa também digitalizada<br />
– como imagens digitalizadas da versão em papel –, possibilitando<br />
a que o leitor folheie usando o mouse – numa evidente prática intermidiática,<br />
de uma mídia digital fazendo referência a outra em papel. Por outro<br />
lado – mas reforçando o interrelacionamento –, as versões on line, em<br />
seu aspecto multimídia, acabaram por influenciar a forma das versões impressas.<br />
Para manter seus leitores (dos quais muitos leem hipermídia), foi<br />
preciso hiperdinamizar a leitura: aumentar o número de páginas coloridas,<br />
inserir um maior número de imagens e adaptar os textos (tornando-os mais<br />
curtos, condensados, com fontes maiores) aos praticantes da leitura ágil<br />
e fragmentada do ciberespaço. E a quarta geração de jornais da cultura<br />
digital é a dos aplicativos, que incluem, sobretudo, o jornalismo exercido<br />
pelo cidadão, que envia imagens, vídeos e comentários, muitas vezes em<br />
tempo real e antes da edição das informações.<br />
Os blogs são a versão digital para os velhos diários, com a contradição<br />
da função: antes, escrever um diário significava conferir uma espécie de<br />
aura do inenarrável ao texto, um segredo abrigado da curiosidade alheia<br />
– curiosidade esta que hoje movimenta os blogs. Esses diários digitais são<br />
feitos para serem bisbilhotados por qualquer um – seu leitor modelo é o<br />
curioso. Neles, as pessoas narram suas intimidades e espelham suas pretensões<br />
literárias ao desabrigo público. Incluindo nesse rol as redes sociais,<br />
em que o objetivo é estar conectado ao maior número de internautas – os<br />
amigos 16 – e ser mais requisitado e mais comentado, seriam necessários<br />
outros tantos estudos para que fosse possível chegar a conclusões sobre<br />
que funções essas escritas exercem na vida das pessoas.<br />
Há certamente uma conexão entre as motivações que levam os internautas<br />
a postarem os mais diversos conteúdos na internet, desde uma<br />
reclamação no SAC da página on line de uma empresa até uma obra criativa<br />
– um poema, um vídeo, uma intervenção numa pintura, uma música<br />
16<br />
Perfis pessoais – nome, características – que podem ou não corresponder a indivíduos reais. Às<br />
vezes são casais, grupos, associações, empresas, ou mesmo uma persona, uma personagem interpretada<br />
por alguém, ou um fake, falso perfil, feito para enganar.