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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 21<br />

fanfictions – que se revelaram, enfim, uma evidente tentativa de alcançar<br />

o sentido final da obra – um dos objetivos da crítica.<br />

No entanto, entre os entraves que se interpuseram na busca por respostas,<br />

um deles acabou por afetar os estudos que me dispunha a realizar.<br />

Na formatação do corpus, percebi que os escrileitores dão preferência aos<br />

temas do último volume e costumam retirar da rede virtual aqueles textos<br />

cujas teorias tenham sido suplantadas pelas novas perspectivas apontadas<br />

pelo original. Haveria uma possível ligação entre esse fato e a hipótese<br />

sugerida em minha pesquisa? Ou seja: pensar que as fanfics que permanecem<br />

postadas devem apresentar coerência com o original não significaria<br />

que estaria correta a suposição de que a escrita do leitor é motivada pelas<br />

lacunas do texto e tem como objetivo principal o seu preenchimento pelas<br />

perspectivas desse leitor?<br />

A estrutura de apelo de Harry Potter e a pedra filosofal está fundada,<br />

principalmente, em duas estratégias: a segmentação do texto promovida<br />

pela autora e os procedimentos do narrador. A divisão da história em sete<br />

capítulos introduziu indeterminação no texto de duas formas: primeiro, pelo<br />

momento em que era realizado o corte; depois, porque inseria um vazio<br />

pela suspensão de informações. Ambas as formas mobilizam a entrada das<br />

estratégias do leitor, incentivando-o a produzir as conexões capazes de<br />

formar uma representação do que foi lido. O momento em que é efetuado<br />

o corte na narrativa é importante, na medida em que estabelece um marco<br />

na sequência de perspectivas apontadas pelo texto, gerando significado.<br />

Na série Harry Potter, esse corte foi sempre efetuado após o confronto<br />

entre o protagonista e o vilão, que consegue escapar, apontando para<br />

um determinado horizonte de sentido, que evoca tanto o retorno do mal,<br />

quanto suposições de quais novas perspectivas serão necessárias para que<br />

seja possível o retorno. Esse espaço sugere que não apenas o leitor precisa<br />

pensar, mas que também o herói necessita refletir sobre os últimos acontecimentos.<br />

A partir daí, a suspensão de informações ocasionada pela lacuna<br />

entre uma publicação e outra permitirá as inferências do leitor.

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