HIPERLEITURA
WG5b2B
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Hiperleitura e escrileitura<br />
Alcançar as competências do leitor no processo de recepção é tarefa<br />
da “interpretação”, significando, conforme prevê Iser, tanto colocar em<br />
evidência a “estrutura de efeito dos textos”, como a “reação do leitor” XVIII .<br />
Para encontrar as capacidades que o leitor habilitou para reagir ao texto, é<br />
necessário não apenas interpelar sua resposta, mas ainda o texto original,<br />
buscando a prefiguração de sua recepção, ou os lugares do leitor no texto<br />
– as lacunas ou espaços vazios, conforme a Teoria do Efeito. Interpretar,<br />
aqui, significa tornar visível o efeito do texto original configurado pela ação<br />
do leitor – sua escrita –, que, na mesma medida, também se configura<br />
como um ato segundo, interpretativo – pós-recepção –, porque baseado<br />
em procedimentos de midiação e apropriação:<br />
Por conseguinte, todos os conceitos de sentido que a interpretação<br />
postula como sendo o horizonte final do texto são, em última<br />
instância, conceitos de mediação e apropriação, que permitem,<br />
pelo ato de compreensão, ligar a dimensão imaginária do texto<br />
aos quadros de referência existentes. XIX<br />
Para Iser, o texto ficcional apresenta uma estrutura carente, que emite<br />
perguntas ao leitor, cujo imaginário é ativado por elas. Da assimetria entre o<br />
não dado do texto e as suposições do leitor, estabelece-se a comunicação,<br />
num jogo duplo, já que o leitor também pergunta ao texto. Para Aristóteles,<br />
a palavra para o incitamento da ação comunicativa entre obra e receptor é<br />
“persuasão”, à medida que o emissor (em papéis alternados) deseja o consenso<br />
XX . Na teoria da comunicação, a eficiência do procedimento é garantida<br />
à medida que são atendidas as expectativas do receptor XXI , que, suprida<br />
sua necessidade por significados, configura o sentido. O texto, enquanto<br />
estrutura de indeterminação, também necessita do preenchimento do leitor,<br />
enquanto assume o polo de receptor. Quanto mais o leitor for provocado a<br />
assumir o papel de emissor no jogo de interação, mais ele se sente capaz de<br />
dominar o processo de configuração de sentidos. 22 Assim aconteceu com<br />
o fanficcer de Harry Potter, enquanto a série não tinha seu último volume<br />
lançado: escrevendo fanfics, ele acreditava estar participando ativamente<br />
22<br />
Aprofundo a questão em seguida.