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HIPERLEITURA

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Hiperleitura e escrileitura<br />

conectada, em rede; e a escrileitura, a resposta, híbrido de interpretação<br />

e criação. Esse sistema não exclui o sistema literário tradicional, tampouco<br />

aquele praticado no ciberespaço a partir daquela interação em que não há<br />

uma resposta materializada, um novo objeto, criativo, nos moldes daqueles<br />

construídos pelos fãs. No entanto, como na convivência entre mídias – disco<br />

e cd, cinema e televisão, jornal, livro e internet –, não sabemos até quando<br />

os sistemas vão coexistir, sem que a inovação dê fim às velhas formas, à<br />

medida que a hiperleitura se torna a prática corrente de interpretação do<br />

mundo; talvez mesmo o livro em papel – enquanto ele durar – passe a ser<br />

não apenas lido diferente, mas também escrito para o hiperleitor. 58<br />

A partir da observação de que a prática escrileitora é mais frequente<br />

entre os jovens e, ainda, de que os objetos de leitura estão, em sua maioria,<br />

inseridos na cultura juvenil – literatura, música, filmes voltados para esse<br />

público –, como é possível constatar já desde os títulos dos originais lidos<br />

pelos fãs, também é admissível associá-la ao adjetivo juvenil, propondo a<br />

configuração de uma nova espécie de leitura – a escrileitura – que promove<br />

o leitor juvenil a essa espécie diferente de crítico – o escrileitor –, inserindo-o<br />

no seu próprio sistema literário no ciberespaço.<br />

Do mesmo modo que a hiperleitura subverte o sistema literário tradicional,<br />

pela coincidência entre os espaços da produção e recepção de<br />

textos, a escrileitura pode configurar-se em uma modalidade de crítica que,<br />

de um lado, erige-se no contexto da hiperleitura e, de outro, insere uma<br />

interpretação juvenil naquilo que pode vir a ser o sistema literário juvenil.<br />

São, portanto duas teses aqui desenvolvidas, a primeira, e mais ampla, é a<br />

de que o sistema literário se altera com a inclusão do livro digital a partir<br />

de sua leitura no ciberespaço – ambiente em que a prática hiperleitora é<br />

possível. Aí, temos um modelo parecido com o sistema tradicional (autor –<br />

texto – leitor – crítica), que passa a incluir a hipermídia, alterando também a<br />

configuração da instância do leitor: autor – hipermídia – hiperleitor – crítica.<br />

Nesse caso, a nova configuração se dá, como já descrito, pela convergência<br />

58<br />

Neste ponto, Cortázar parece ter sido um visionário ao escrever sua Rayuela em 1968.

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