HIPERLEITURA
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Hiperleitura e escrileitura<br />
clássicos, quando se nos manifesta a obviedade mais velha que a<br />
Bíblia: que as histórias nunca vão morrer. XXXVII<br />
Se a literatura alcançou um volume maior de pessoas a partir das<br />
técnicas modernas de impressão e distribuição de livros e mesmo com o<br />
jornal impresso – vide o nascimento do romance folhetinesco no século<br />
XIX – o que pensar das possibilidades a partir, não apenas do alcance da<br />
rede, mas na disposição de canais de resposta pelos receptores. Nem o livro<br />
e menos ainda a literatura serão ameaçados pela tecnologia se soubermos<br />
reconfigurar os processos de formação de leitores a partir da inclusão da<br />
hiperleitura e da interação midiada pelo computador:<br />
A atual sociedade em rede (Castells, 2002) exige um repensar sobre<br />
as certezas que tínhamos sobre a comunicação mediada. De fato,<br />
os meios digitais abrem novas formas de comunicação e demandam<br />
a reconfiguração dos meios tradicionais ao mesmo tempo em<br />
que amplificam potenciais pouco explorados. A instantaneidade<br />
dos intercâmbios mediados, as tecnologias de armazenamento e<br />
recuperação de informações e a escrita e leitura hipertextuais vêm<br />
também desafiar a estabilidade de alguns consensos teóricos. XXXVIII<br />
O perfil do hiperleitor pode ser definido pela fusão entre aquele inserido<br />
na prática da interação midiada por computador, proposto por Primo, e o<br />
“leitor imersivo”, descrito por Santaella. O modelo de interação previsto por<br />
Primo XXXIX parte do pressuposto de Raymond Williams, em que tanto deve<br />
existir a autonomia de navegação, quanto a viabilidade de uma resposta<br />
criativa e não prevista do usuário, conjecturas que podem ser perfeitamente<br />
associadas à leitura e escrita do leitor na internet.<br />
Para Santaella, antes de uma definição sobre esse leitor do ciberespaço,<br />
é preciso a observação sobre a multiplicidade de tipos de leitores, tantos<br />
quantos os tipos de textos e mídias disponíveis: imagem, fotografia, pintura,<br />
texto... Da mesma forma, assim como coexistem as eras culturais por ela<br />
definidas – oral, escrita, impressa, de massas, das mídias, digital – também<br />
os tipos de leitor não se excluem, e permanecem as práticas distintas de<br />
leitura, conforme não apenas os indivíduos e seus modos de ler, mas também