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HIPERLEITURA

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Hiperleitura e escrileitura<br />

mais especificamente no fandom, como meio 44 – espaço de troca – que<br />

constitui coletivamente o sentido do texto. Fica visível, então, como as<br />

hipóteses deste estudo envolvem a questão da convergência de mídias: as<br />

relações “entre” mídias e seus níveis de intermidialidade, que configuram<br />

objetos trans, multi, mix, inter ou hipermidiáticos, estão todas atreladas<br />

às novas configurações dos meios de comunicação e dos suportes para os<br />

produtos culturais – e no seu irreversível entrelaçamento.<br />

“O texto mudou de natureza, ele brilha. Isso é definitivo”, diz-nos<br />

o investigador da leitura Emmanuel Fraisse XXXIV . Para Fraisse, a grande<br />

mudança que realmente está afetando os procedimentos de leitura é a<br />

convergência de mídias que, de um lado, transforma os textos, e, de outro,<br />

modifica a relação entre as instâncias de produção e recepção XXXV . Leitores,<br />

prossumidores, internautas, consumidores, produtores – enredados que<br />

estão pela extensa trama de dados em que tudo se transforma: textos,<br />

conteúdos, mídias, produtos: dígitos. Para Nicolas Bourriaud, “à sociedade<br />

do espetáculo”, segue-se a sociedade dos figurantes, criada pelos novos<br />

espaços de convívio, na “ilusão de uma democracia coletiva” XXXVI .<br />

No campo da produção artística, Bourriaud enxerga os usuários da rede<br />

como “consumidores de quilômetros e seus derivados” ou “consumidores de<br />

tempo e espaço” XXXVII . Para o crítico, vivenciamos a prática da “bricolagem<br />

e da reciclagem do dado cultural” XXXVIII , em que a arte se realiza na esfera<br />

dos espaços de convívio, como “experiência”,“urbanização” e “encontro”,<br />

o que é uma inversão dos próprios objetivos da arte moderna. A esse novo<br />

postulado da arte, Bourriaud chama de Estética Relacional: “que toma como<br />

horizonte teórico a esfera das interações humanas e seu contexto social<br />

mais do que a afirmação de um espaço simbólico autônomo e privado” XXXIX .<br />

Embora Bourriaud se situe no campo da arte, em sua moldura conceitual<br />

– no espaço de exposições e galerias –, é justamente sua visão de que,<br />

hoje, a prática e a observação da Estética Relacional evidenciam as noções<br />

de relação, convívio e interação das experiências artísticas que permite que<br />

44<br />

Também é uma mídia, sob este ponto de vista.

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