HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 235<br />
“O consumidor está cada vez com mais poder” – disse Cesar Paim<br />
ao receber o prêmio de Publicitário do Ano 38 . Para ele, as empresas de<br />
publicidade precisam preparar-se para utilizar as novas tecnologias, não<br />
basta “estar” numa plataforma multimídia, é necessário compreender o<br />
funcionamento de suas ferramentas de modo a manter um diálogo com o<br />
consumidor, que “está gostando de ser ouvido, de estar participando. Ele<br />
se sente meio dono da marca e na obrigação de participar” XXXIV .<br />
Consumidor: obrigação de participar. Esse é o caso do receptor de<br />
objetos de consumo, de produtos, sejam eles bens perecíveis, duráveis ou<br />
de entretenimento. Onde a literatura pode encaixar-se nesses termos tão<br />
econômicos? Antes que o primeiro peso de papel seja atirado pelos apocalípticos,<br />
reforço que não tenho interesse em discutir as questões que ainda<br />
pesam sobre “a arte pela arte”, embora elas sejam realmente pertinentes<br />
quando anunciamos a entrada da literatura no ciberespaço, onde tudo<br />
se transforma em conteúdo. É preciso, no entanto, um mínimo de posicionamento<br />
sobre esse “estar da literatura no mundo”, estabelecendo os<br />
termos da minha “integração” conformada à plataforma em que a literatura<br />
converge, como um produto, navegando sob a mesma moeda de toda a<br />
informação em bites.<br />
A questão subjaz à interposição entre o sistema literário tradicional e o<br />
ciberespacial, este, um produto da era da convergência em que a suposição<br />
de um leitor agente é possível. Quando pensamos em literatura, a comunicação<br />
entre o livro e o leitor é a mais comum. Embora a influência multimídia,<br />
ler uma história – um romance, um conto, uma novela – significa folhear<br />
páginas de papel, imaginar, interpretar. A recente tecnologia do e-book<br />
pode manter-se como ameaçadora da tecnologia do livro, como suporte<br />
físico, mas é acessível apenas para uma mínima parcela da população, pela<br />
necessidade, não apenas de adquirir o volume digital, mas também de dispor<br />
do suporte de leitura. Por esses motivos, a oferta de e-books em português,<br />
por exemplo, apenas recentemente começou a fazer frente à ainda<br />
38<br />
Prêmio entregue em 25 de novembro de 2010, durante a Semana ARP de Comunicação.