HIPERLEITURA
WG5b2B
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Hiperleitura e escrileitura<br />
de intercâmbio de sentidos estabelecido entre os pottermaníacos no ciberespaço,<br />
já que ao autor da ideia desagrada sua analogia com o campo cultural,<br />
principalmente a esfera da cultura de massa, mas é possível compreender<br />
em Jenkins a intenção de relacionar o fenômeno com o ambiente em que<br />
ele se realiza, como resultado das possibilidades do meio. É um efeito do<br />
texto (pensando “texto” naquela perspectiva dinâmica que eu proponho).<br />
E quanto ao entusiasmo? Para que o consumidor se proponha a participar<br />
da produção, ou ainda, deseje interferir nos significados do objeto 9 , é preciso<br />
que ele seja provocado a isso, o que exige uma grande dose de ânimo, não<br />
apenas durante o ato de consumo em si, mas justamente na ação desencadeada<br />
por ele – a produção. Se Roland Barthes pudesse observar o fenômeno<br />
contemporâneo, certamente teria muito a dizer sobre o prossumidor e ainda<br />
sobre a “cultura participatória” 10 . Esse entusiasmo bem pode ser provocado<br />
pelo prazer de que falava Barthes: “Prazer do texto. Clássicos. Cultura<br />
(quanto mais cultura houver, mais diverso será o prazer). Inteligência. Ironia.<br />
Delicadeza. Euforia. Domínio. Segurança: arte de viver.” IV<br />
No caso da pottermania, realmente é preciso computar primordialmente<br />
a questão da trama e o sentimento que ela provoca – esse prazer seguro de<br />
que falava Barthes; quando a questão se estreita para a resposta do leitor<br />
de Harry Potter – a escrita de fanfiction –, pensar o efeito do texto envolve<br />
peremptoriamente evocar o tema do espaço hipermidiático: o lugar onde<br />
o leitor deixa de ser invisível.<br />
A “convergência de mídias” 11 é a expressão em pauta para os estudiosos<br />
da Comunicação, cuja maioria intui positivamente a expansão de um<br />
é o equilíbrio entre elas que possibilita o funcionamento da inteligência coletiva. A íntegra da conferência<br />
está disponível na internet, em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/esp_a.php?t=001.<br />
Acesso em: jan. 2011.<br />
9<br />
Um bom exemplo disso é a moda, lugar comum do prossumidor: ele não só consome a moda,<br />
mas também é aquele que a dita, através de sua interferência, o seu estilo – um “eu” particular que<br />
atravessa o consumo.<br />
10<br />
Expressão utilizada por Jenkins para denominar a produção de bens culturais através de uma<br />
rede colaborativa entre consumidores (ou usuários, no caso da internet, principal meio em que é<br />
produzida.<br />
11<br />
Para as Teorias da Comunicação: aproximação entre os setores de produção e distribuição de<br />
conteúdo comunicacional e tecnologias da informação, permitindo a manipulação, transmissão e