HIPERLEITURA
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Ana Cláudia Munari Domingos 165<br />
e da recepção moderna da cultura midiática, ou, como ele mesmo nomeia,<br />
“cultura participatória”, a abreviatura “fã” 67 foi utilizada pela primeira vez<br />
no final do século XIX:<br />
Em reportagens jornalísticas para descrever os torcedores de times<br />
profissionais de esportes (principalmente baseball) na época<br />
em que o esporte passou de uma atividade predominantemente<br />
participativa para um evento de espectador, mas logo (o conceito)<br />
foi expandido para incorporar qualquer adepto fiel de esportes ou<br />
entretenimento comercial. 68<br />
Dessa forma, a palavra “fã” ganhou uma conotação estereotipada, em<br />
que lhe foram atribuídos tanto aquele sentido do termo “fanático” – de<br />
seguidor de ídolos – quanto o novo, que excluía a religiosidade e incluía as<br />
atividades de audiência, geralmente movimentadas através de uma mídia<br />
– jornal, televisão, teatro, cinema – mas que também conotavam exagero.<br />
Em seguida, a Crítica (male critics, conforme Jenkins LXVI ) utilizou a mesma<br />
palavra para designar as mulheres que iam ao teatro mais para ver os atores<br />
do que propriamente as peças.<br />
No século seguinte, nos anos 60, a televisão já movimentava outro tipo<br />
de cultura e surgia um novo tipo de receptor, um leitor de filmes e, naquela<br />
década, principalmente, de séries, uma nova mania que conquistava audiências<br />
no mundo todo, principalmente nos Estados Unidos, onde elas eram<br />
produzidas às dezenas, como a mais cultuada delas, Star Trek. O fandom do<br />
programa cresceu enormemente e logo se tornou extremamente ativo e<br />
peculiar, inaugurando o que posteriormente veio a ser chamado de cultura<br />
de fã, expressão que originalmente esteve relacionada à cultura de massa,<br />
já que os receptores dessa forma de cultura – programas de televisão, histórias<br />
em quadrinhos, cinema – compunham aqueles fandoms. A geração<br />
67<br />
Fan, de fanatic, em inglês, cuja origem é a mesma da palavra latina.<br />
68<br />
“In journalist accounts describing followers of Professional sports teams (specially in baseball)<br />
at a time when the Sport moved from a predominantly participant activity to a spectator event, but<br />
soon was expanded to incorporate any faithful ‘devotee’ of sports or commercial entertainment”.<br />
Tradução livre (JENKINS, Henry. Fans and “fanatics”. Textual Poachers: television fans and participatory<br />
culture, p. 12).