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HIPERLEITURA

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Hiperleitura e escrileitura<br />

algo que sucede durante a leitura. A pergunta da Teoria do Efeito, sobre o que<br />

acontece entre texto e leitor, é substituída (ou atualizada, para usar um termo<br />

apropriado), na abordagem comunicacional de Iser, por: “qual a validade da<br />

obra literária?” XLVIII Se o fim do texto é o imaginário – difuso e inapreensível<br />

–, é a interpretação que assegura sua semantização – seu sentido:<br />

O sentido não é o horizonte final do texto literário, mas apenas<br />

dos discursos da teoria da literatura, que assim agem para que o<br />

texto se torne traduzível. Tal transferência pressupõe que exista<br />

no texto uma dimensão que necessita da transferência semântica,<br />

para que esta se encaixe nos quadros de referência dominantes.<br />

Por conseguinte, a dimensão última do texto não pode ser de natureza<br />

semântica. Descrevêmo-la como o imaginário, com o que, ao<br />

mesmo tempo, apontamos para a origem do discurso ficcional. XLIX<br />

O horizonte final da interpretação é a tomada pragmática do texto, só<br />

alcançada através do olhar sobre a recepção. Sua análise como processo, na<br />

abordagem comunicacional prevista por Wolfgang iser, deve voltar-se para<br />

esse processo da interação, esse “entre” onde o imaginário se configura.<br />

A escrita do leitor, assim, pode ser pensada como uma forma de aparência<br />

do que se estabelece como interação.<br />

Seguindo essa premissa, é possível tratar a estrutura de indeterminação<br />

do texto, de um lado, e a fanfiction, de outro, pragmaticamente, e buscar a<br />

configuração que a interação entre texto e leitor alcança: “Para uma abordagem<br />

do tipo comunicacional, as estruturas têm o caráter de indicações<br />

pelas quais o texto se converte em objeto imaginário, na consciência de seu<br />

receptor” L . O imaginário do leitor, ao ser transposto para um outro texto,<br />

torna-se visível, ou, quando adota o mesmo meio 46 de seu interlocutor,<br />

converte-se em fictício novamente.<br />

Cabe ainda acrescentar que se, de um lado, eu enxergo o leitor que<br />

responde ao texto através do ato de escrever como um leitor real – e parte<br />

46<br />

“Meio”, aqui, em sentido representativo – “que usam convenções culturais e estéticas para criarem<br />

um de qualquer natureza” –, que toma tanto o gênero narrativo como um suporte para<br />

a resposta do leitor, como a própria linguagem ficcional, diferente da cotidiana e mesmo diversa<br />

daquela que guarda uma intenção crítica em seu sentido restrito, de comentário do texto (FREIXO,<br />

João Vaz. Teorias e modelos de comunicação. Lisboa: Instituto Piaget, 2006, p. 149).

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