HIPERLEITURA
WG5b2B
WG5b2B
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
60<br />
Hiperleitura e escrileitura<br />
de tecnologias capazes de propiciar a seleção e o consumo individualizados<br />
da cultura, já em oposição à cultura de massa:<br />
Contrariamente a esta que é essencialmente produzida por poucos<br />
e consumida por uma massa que não tem poder para interferir nos<br />
produtos simbólicos que consome, a cultura das mídias inaugurava<br />
uma dinâmica que, tecendo-se e se alastrando nas relações das<br />
mídias entre si, começava a possibilitar aos seus consumidores a<br />
escolha entre produtos simbólicos alternativos. V<br />
Na era da “Cultura das mídias” transformavam-se os processos de produção,<br />
distribuição e consumo de produtos culturais, através de tecnologias<br />
como a do videocassete, fotocopiadora, filmadora, que possibilitavam a que<br />
os usuários complementassem os produtos que consumiam, arrebatando-os<br />
da passividade característica da cultura de massas:<br />
Por isso mesmo, foram esses meios e os processos de recepção<br />
que eles engendram que prepararam a sensibilidade dos usuários<br />
para a chegada dos meios digitais cuja marca principal está na<br />
busca dispersa, alinear, fragmentada, mas certamente uma busca<br />
individualizada da mensagem e da informação. VI<br />
Na cultura digital, além da perspectiva da seleção individualizada,<br />
acrescenta-se a da participação desses usuários, com a possibilidade, não<br />
apenas, do acesso a uma diversidade de objetos culturais – expandida<br />
pela convergência midiática –, mas de uma resposta efetiva por parte dos<br />
usuários, que então dispõem de meios para replicar os textos que consomem.<br />
A partir daí, a questão de pensar o leitor – consumidor, usuário,<br />
cibernauta – como parte ativa do processo de comunicação entre objetos<br />
e seus receptores deixou de ser uma questão reservada à subjetividade<br />
invisível – de um receptor imaginado pelo emissor. Na cultura digital, nesses<br />
termos, a participação é inerente ao usuário: ler no ciberespaço pressupõe<br />
escrever – traçar –vias de sentido.<br />
A ideia de que o leitor é uma instância ativa na configuração de sentido<br />
da obra literária tomou força quando Jauss deu os primeiros passos para<br />
uma prática da crítica baseada no receptor – entidade invisível –, em sua<br />
aula inaugural na Universität Konstanz, em 1967 VII . O próprio Jauss afirmou,