15.01.2016 Views

HIPERLEITURA

WG5b2B

WG5b2B

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ana Cláudia Munari Domingos 151<br />

A questão que aqui se interpõe é redundante: a interposição entre as<br />

instâncias de produção e consumo, a intersubjetividade da criação coletiva,<br />

a intermidialidade como ferramenta para a reprogramação das obras<br />

e, ainda, a interpretação, como método gerador da atividade cultural no<br />

ambiente em rede. A navegação, para Bourriaud, é o “próprio tema da prática<br />

artística” XLIV , o jogo contemporâneo onde a única originalidade está<br />

no percurso. A obra é o estoque que alimenta e lança o internauta à zona<br />

de manobra e bricolagem – ao “entre” meios do espaço em rede.<br />

3.2 O hiperleitor<br />

A confluência de mídias e artes no ciberespaço – e os reflexos dessa<br />

virtualidade no mundo real – transformou as acepções do termo “leitor”,<br />

que atualmente equivale ao “receptor” indistinto desta mistura de artes,<br />

gêneros e suportes, mesmo no próprio livro, que tem sua configuração<br />

cada vez mais afetada pela convergência. As pesquisas da área de Teoria da<br />

Literatura, entretanto, apenas muito recentemente têm analisado esse leitor<br />

sob a perspectiva da intermidialidade, em que a intertextualidade adquire<br />

um novo sentido, não apenas pela amplitude do conceito mesmo de texto,<br />

mas pela transposição de fronteiras entre artes e seus suportes, as mídias.<br />

Esse entrecruzamento não apenas tornou difícil divisar que espécies<br />

de técnicas são utilizadas ou que mídias servem de suporte ou ainda a que<br />

gênero pertencem as múltiplas manifestações humanas daquilo que se<br />

supõe como inútil – a arte, a cultura –, mas ainda intrincou os processos<br />

de significação desses objetos pelo receptor. As mídias cruzam-se, aglutinam-se,<br />

dialogam, condicionam-se e referem-se umas às outras, e novos<br />

objetos surgem diante de seus leitores. Para Clüver, “a determinação da<br />

mídia é um ato interpretativo que antecipa a interpretação do texto” XLV ,<br />

e, acrescento, influencia-o – o meio é a mensagem 47 , disse há tempos o<br />

visionário McLuhan – o que leva a pensar sobre a evidente transformação<br />

47<br />

McLUHAN, Marshall.The medium is the message: an inventory of effects. Harmondsworth: Penguin,<br />

1967.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!