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HIPERLEITURA

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118<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

livro e outro, mas também dentro de um mesmo volume – caso daquele<br />

embrulhinho muito bem guardado no bolso de Hagrid, no primeiro livro, cujo<br />

conteúdo – a pedra filosofal do título – fia muita linha para tecer a história.<br />

Os aspectos determinados pelo texto, e as lacunas entre eles, são tantos<br />

e tão cuidadosamente emaranhados, que só o leitor atento tem pronto no<br />

bolso da memória um detalhe tão importante como aquele.<br />

Se o leitor pensa que há muita coisa para lembrar, o que dirá de Harry,<br />

que encontra dificuldade até para se movimentar no imenso castelo, como<br />

nos conta o narrador:<br />

Havia cento e quarenta e duas escadas em Hogwarts: largas e<br />

imponentes; estreitas e precárias; umas que levavam a um lugar<br />

diferente às sextas-feiras; outras com um degrau no meio que<br />

desaparecia e a pessoa tinha que se lembrar de saltar por cima.<br />

Além disso, havia portas que não abriam a não ser que a pessoa<br />

pedisse por favor, ou fizesse cócegas nelas no lugar certo, e portas<br />

que não eram bem portas, mas paredes sólidas que fingiam ser<br />

portas. Era também muito difícil lembrar onde ficavam as coisas,<br />

porque tudo parecia mudar frequentemente de lugar. As pessoas<br />

nos retratos saíam para se visitar e Harry tinha certeza de que os<br />

brasões andavam. 79<br />

As intermináveis salas, escadas, portas e aposentos escondidos não são<br />

os únicos “lugares indeterminados” do texto. Cada um deles tem sua quota<br />

lacunar – uma cor, um quadro, um móvel – e fornece, ainda, espaço para<br />

constantes anexos e ampliações da planta do castelo, de suas imediações<br />

e mesmo do lugar onde ele se localiza – um mistério que nenhum trouxa<br />

soube desvendar. Hogwarts fica a algumas horas de trem de Londres.<br />

Quantas horas? Por que caminho? E que trem é esse, cuja estação esconde-se<br />

no entrelugar de colunas enfeitiçadas? A própria Londres torna-se<br />

um lugar mágico, onde, como indica a história, pode haver uma passagem<br />

para o mundo bruxo, bares e hotéis nada convencionais, lojas, mercados,<br />

livrarias, bancos, hospitais...<br />

79<br />

HP 1, p. 116.

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