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HIPERLEITURA

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142<br />

Hiperleitura e escrileitura<br />

das relações intermidiáticas que a fanfiction apresenta, tanto a partir de<br />

uma abordagem sincrônica, quanto de uma diacrônica. Sincronicamente, a<br />

perspectiva intermidiática desse texto está na transposição de uma fábula<br />

originalmente presente em livro para o texto digital, pela combinação de mídias<br />

e ainda pelas referências a outro texto, questões que podem ser avaliadas<br />

individualmente, em cada texto produzido pelo leitor, buscando encontrar<br />

que espécies de relações entre mídias há e em que níveis elas se estabelecem.<br />

A fanfiction pode ser considerada como um texto entre mídias também<br />

numa perspectiva diacrônica, através da remidiação do fanzine, a transformação<br />

de uma revista em papel para o suporte virtual, em que se mantém<br />

a mesma espécie de texto – a resposta do leitor – numa mídia transformada<br />

pelas novas condições tecnológicas 32 . A presença de características<br />

inerentes ao fanzine – produção e distribuição entre fãs – permanece na<br />

fanfiction, alterada apenas pela sua condição em uma nova mídia (a hipermídia),<br />

então remidiada.<br />

Como “remidiação” 33 , Bolter XXXI entende o evento formal através do<br />

qual uma mídia remodela uma anterior, representando-a ou incorporando-a<br />

ou, ainda, substituindo-a. A remidiação funciona tanto em seu aspecto de<br />

multiplicadora de novas mídias, por reformulações e recondicionamentos,<br />

quanto na perspectiva de um apagamento dos traços de midiação, que<br />

permite que meios remidiados sejam vistos como “novos”. É o caso, por<br />

exemplo, da presença da televisão na web. A transmissão de programas<br />

televisivos através da internet guarda características da mídia televisão,<br />

sem a suplantar, mas reconfigurando seus traços para o meio digital – da<br />

mesma forma como os aplicativos web que têm surgido nas smarthtvs<br />

imitam as telas dos tablets. Muitas aplicações da hipermídia herdam e<br />

adaptam recursos de outras mídias para o seu meio e propósito. A própria<br />

32<br />

A partir da configuação atual das mídias digitais, Bolter e Grusin colocam que “toda midiação é<br />

remidiação” (BOLTER, Jay David; GRUSIN, Richard. Remediation: understanding new media. USA:<br />

MIT, 2004, p. 44-50, tradução livre).<br />

33<br />

Entre leitores e tradutores dos textos de Bolter, há aqueles que usam remediação e aqueles que,<br />

como eu, preferem remidiação.

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