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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 45<br />

música no texto, como uma trilha sonora; no entanto, todas podem ser<br />

referidas como fanfiction.<br />

A gênese da fanfiction é incerta – como muito do conteúdo exposto<br />

na rede o é – mas sabe-se que, antes de escolher a internet como suporte<br />

e meio de propagação, já existia no papel. A ancestralidade da fanfiction<br />

remonta aos fanzines – verbete razoavelmente acomodado no dicionário<br />

–, revistas surgidas na década de 20 do século passado, nos Estados Unidos,<br />

editadas por fãs, principalmente de histórias em quadrinhos, que reuniam<br />

não apenas comentários acerca de seus objetos de culto como também<br />

textos criativos neles baseados. A escrita de fanfictions ganhou um novo<br />

mote com a série Star Trek 36 , cujos fãs se tornaram tão hábeis na criação de<br />

novos episódios, que alguns deles até chegaram a contribuir com a produção<br />

do original. Mais tarde, nos anos 80, além de se reunirem para discutir as<br />

histórias da tripulação intergaláctica e para escrever outras histórias, os fãs<br />

também criavam novos episódios, através dos recursos do videocassete,<br />

a nova mídia 37 da época.<br />

Na era digital, coube à fanfiction essa tarefa. Embora a existência desse<br />

tipo de narrativa seja, assim, anterior ao advento da internet, foi através<br />

da rede que ela se expandiu e adquiriu novos contornos. A promoção do<br />

ciberespaço 38 como um lugar para a interpretação coletiva e para a leitura<br />

36<br />

Em português, o nome é Jornada nas Estrelas, série de televisão que fez muito sucesso a partir<br />

dos anos 60 e principalmente nas duas décadas seguintes. Seus episódios narram as viagens das<br />

naves USS Enterprise (série original, 1962, e A nova geração, 1987), USS Voyager (1995) ou Enterprise<br />

(a partir de 2001) pelo espaço, e cuja tripulação é multiplanetária.<br />

37<br />

Em capítulo pertinente, o sentido de mídia será discutido, mas adianto seu sentido para este<br />

trabalho, através da afirmação de Gosciola: “Na situação atual, no mercado e no dia a dia do usuário<br />

de novas tecnologias utiliza-se o termo mídia para identificar o suporte onde será replicado um<br />

conteúdo ou toda uma hipermídia”. Assim, mídia funciona em sentido amplo, como suporte. (GOS-<br />

CIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias. Do game à TV interativa. São Paulo: SENAC, 2003.)<br />

38<br />

É usual tratar o termo como um sinônimo de “internet”. Eu entendo a internet como a ferramenta<br />

que permite a existência – e a navegação por – de um espaço virtual, o ciberespaço. Pierre<br />

Levy define ciberespaço como “o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial<br />

de computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material de comunicação digital,<br />

mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos<br />

que navegam e alimentam este serviço” (LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999, p. 17),<br />

um espaço de comunicação, portanto. Sem excluir outros meios de comunicação eletrônicos, Levy<br />

insiste na configuração digital desse espaço. É possível pensar, dessa forma, em internet como a<br />

interligação entre computadores – máquinas – e o ciberespaço, entre pessoas ou entre pessoas<br />

e abstrações, através da internet, noção que me parece producente. Da mesma forma, Santaella,

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