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HIPERLEITURA

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Ana Cláudia Munari Domingos 149<br />

ele entenda essas novas formas que se estabelecem em “modos de contato”<br />

como objetos estéticos – incluindo, assim, espaços de convívio como<br />

aqueles possibilitados pela internet. Em outras palavras, o crítico também<br />

faz referência ao fenômeno da troca, da construção coletiva de sentidos,<br />

de uma “cultura interativa”: “No quadro de uma teoria relacionista da arte,<br />

a intersubjetividade não representa apenas o quadro social da recepção<br />

da arte, que constitui seu ‘meio’, seu ‘campo’ (Bourdieu), mas se torna a<br />

própria essência da prática artística” XL .<br />

Partindo dessa concepção de Bourriaud sobre a estética da arte, amplia-<br />

-se a noção do ciberespaço como um lugar de possibilidades para a prática,<br />

se não ainda da produção, mas da realização da arte, como um fenômeno<br />

da relação entre as pessoas e o mundo através dos objetos estéticos. A esfera<br />

da arte relacional é, para os artistas de hoje, o que a cultura de massa<br />

foi para a geração anterior, como possibilidade de extensão das esferas de<br />

produção e recepção, em que a arte opera no campo do interstício social.<br />

No entanto, sem os aspectos ideológicos da oposição, separação e conflito,<br />

que caracterizavam a arte do Modernismo 45 – mas de negociação, vínculo<br />

e coexistência, a “sensibilidade coletiva”. XLI<br />

Para o crítico de arte Bourriaud, a questão do objeto estético que se<br />

realiza “a partir” e “dentro” desse interstício social parece estar resolvida;<br />

no entanto, ele sinaliza para o embaçamento dos sujeitos, de onde surge a<br />

problemática da banalização das relações humanas e na sua transformação<br />

em produto. Isso é o que acontece no campo do entretenimento, em que<br />

as redes sociais digitais, por exemplo, constituem-se em possibilidade para<br />

a inserção de narrativas transmídias. Por outro lado, longe de desdenhar o<br />

fenômeno da produção cultural contemporânea, Bourriaud alerta para a<br />

necessidade de inventar protocolos de uso para essa atividade.<br />

45<br />

“O fim do telos modernista (as noções de progresso e vanguarda) abre um novo espaço para o<br />

pensamento: agora é questão de atribuir um valor positivo ao remake, de articular usos, relacionar<br />

formas, em lugar da heroica busca do inédito e do sublime que caracterizava o modernismo”<br />

(BOURRIAD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. São Paulo:<br />

Martins, 2009, p. 45).

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