Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
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seram ficar. Em João Pessoa, <strong>Paulo</strong> estudou como interno no Instituto Alice Azevedo, no grupo<br />
Thomaz Mindelo e no Colégio Solon de Lucena 6 .<br />
Jório Machado afirma que <strong>Paulo</strong>, ainda garoto e dono de um raciocínio ágil e de uma<br />
argumentação brilhante, circulava entre os grupos teatrais da época, onde ia impondo a sua pre-<br />
sença e a paixão pelo teatro. Foi, segundo Jório, sem saber precisar a data, depois de 1956 que<br />
<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> fez o seu único papel como ator, numa peça de Hermilo Borba Filho, Apenas<br />
Uma Cadeira Vazia 7 .<br />
Mas o debate cultural na província, sobretudo para quem tem ambições mais ousa<strong>das</strong>,<br />
logo se esgota. Jório diz que <strong>Paulo</strong>, por volta dos vinte anos (1960), era dono de inegável matu-<br />
ridade intelectual, e, por causa disso, adotava um certo ceticismo com relação aos fatos e à vida<br />
numa cidade pequena. João <strong>Pontes</strong> diz que em 1959, separado da família e morando em Natal,<br />
onde era 1º Sargento do 16ø Regimento de Infantaria, recebeu a visita de <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, que lhe<br />
pedia ajuda para morar no Rio de Janeiro. Conta João <strong>Pontes</strong> que com enxoval modesto e pouco<br />
dinheiro, <strong>Paulo</strong> embarcou quase à meia-noite no Aeroporto Parnamirim, num avião da FAB, em<br />
direção ao Rio de Janeiro. Mas, continua, num dia de 1962, <strong>Paulo</strong> apareceu em sua casa, vindo<br />
do Rio, dizendo que a sua situação não era a desejada, e que pretendia voltar ao Rio, "em futuro<br />
próximo" 8 .<br />
A vida de um homem se constrói também por mitos.<br />
O espaço que sobra entre os mitos, os fatos e a memória, para a história, é um espaço de<br />
ficção, onde a arte atua refazendo o tempo perdido. Depois daquela noite de estréia da peça<br />
montada pelo Teatro do Estudante, em que <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, garoto de 16 anos de idade, ganhou a<br />
admiração dos atores, sobra um espaço que se segue, e que, por falta de suficiente informação<br />
só poderia ser preenchido pela ficção. Não é o caso. Mas, seguindo os passos cronológicos de<br />
<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, em busca dos seus sinais, como um caçador decifrando as marcas da trilha, va-<br />
mos dar um salto de seis anos na sua história e encontrá-lo em 1962, trabalhando na Rádio Ta-<br />
bajara da Paraíba, onde fazia locução, escrevia e apresentava um programa que obtinha grande<br />
audiência no horário do meio-dia.<br />
6 PONTES, João. Op. cit. p. 66.<br />
7 MACHADO, Jório. Op. cit.<br />
8 PONTES, João. Op. cit. p. 69.