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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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mesmo porque pode resistir ao agressor, quando foi necessário; Ana Maura, mesmo que qui-<br />

sesse, não poderia.<br />

Mas na morte de Ana Maura há qualquer coisa de ironicamente trágico: ao querer evitar<br />

o crime, ela foi sendo conduzida cada vez mais para dentro do crime que gostaria de evitar.<br />

To<strong>das</strong> as evidências levavam a concluir-se que não havia solução para ela. A sua vida, como diz<br />

o título, estava por um fio: pelo fio do telefone, sua única forma de se comunicar com o mundo<br />

e de evitar sua morte, como também, metaforicamente, no fio de um novelo que ela acabaria<br />

por tecer, ao desvendar.<br />

1.9 - Uma Noite de Terror<br />

Dois homens invadem uma casa, onde estão uma estenografa e um senhor idoso. Ele di-<br />

ta uma carta. O senhor idoso, ao perceber a presença dos bandidos, corre para pegar o seu re-<br />

vólver. O bandido moço, Juventude, derruba o senhor idoso, que bate com a cabeça em algum<br />

lugar quando cai, e morre. O outro bandido, Miguelão, quer matar a estenografa, única teste-<br />

munha daquele crime.<br />

Juventude se opõe. Tem dezessete anos e não quer outro crime, apesar de sua vida ban-<br />

dida. Miguelão insiste. Brigam. Juventude leva a melhor. Miguelão consente em esperar algum<br />

tempo, para que Juventude reveja sua posição. Na briga, Miguelão perdeu seu talão de cheque.<br />

A estenografa, Edite, o recolhe. Um pouco antes da briga dos dois bandidos, eles falam sobre a<br />

possilibidade de fuga, para evitar a morte da moça.<br />

Miguelão sai. Vai montar guarda na parte de cima da casa. A estenografa conversa com<br />

Juventude. Ela tem irmão na polícia e sabe o mecanismo da malandragem: como os bandidos<br />

lançam mão de garotos como Juventude; como os envolvem em crimes; como passam a explo-<br />

rá-los depois de iniciados. Juventude não acredita: Miguelão é o seu amigo. Pelo menos é isso o<br />

que Miguelão lhe diz.<br />

Noite alta. Edite está presa numa cadeira. No sofá Juventude dorme. Miguelão entra sor-<br />

rateiro. Esfaqueia Juventude. Mas não era Juventude. Edite o avisara de que Miguelão iria eli-<br />

miná-lo. Juventude previne-se. Arma uma arapuca para Miguelão. Ele cai. Os dois brigam outra<br />

vez. Juventude mata-o. Depois solta Edite e aceita o conselho dela: o de entregar-se à polícia,<br />

cumprir alguns anos de pena e, depois, livre, arranjar uma profissão. Edite prometera depor a<br />

seu favor.

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