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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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Ao lado da mudança qualitativa em processo, percebida por <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, existia, como<br />

elemento de complicação, a censura, que impedia a veiculação de uma imagem diferente da vi-<br />

trine em que então se transformava a televisão brasileira. Walter Avancini, no mesmo debate,<br />

explicou o que a censura não permitia que se levasse ao ar: “O código é explícito: não se pode<br />

colocar conflito de gerações, não pode colocar pais e filhos conflitando, não se pode colocar<br />

nenhuma menção de adversário, não se pode colocar nenhum descontentamento social, não se<br />

pode colocar nenhum conflito religioso, nenhum conflito racial. A verdade é que há uma série<br />

de limitações impostas por esse código de censura, que nos impossibilita um exercício maior<br />

dentro do veículo” 85 .<br />

É possível que em tão pouco tempo, isto é, do início de 1968 (quando <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> co-<br />

meçou a escrever para a televisão), até 1975 (quando aconteceram os debates sobre cultura bra-<br />

sileira no teatro Casa Grande), a TV tenha mudado radicalmente, a ponto de diminuir o trabalho<br />

que gente como <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Vianinha desenvolvia tão bem.<br />

Mas enquanto isso não aconteceu, a televisão brasileira viveu dias de conquista de uma<br />

linguagem tão bela quanto dramática, como a que vimos em fragmentos nos textos apresenta-<br />

dos. E no caso dos nossos autores, profundamente inserida no contexto da cultura de massa que,<br />

afinal, é por excelência o fenômeno cultural do nosso século.<br />

2.1 - A Violência<br />

A violência é o tema comum de to<strong>das</strong> as obras vistas. É o ponto de tensão a partir da<br />

qual se desenvolve a história. Ela pode ser anterior ao início da ação, mas está sempre presente<br />

de alguma forma.<br />

No primeiro volume do seu estudo sobre a cultura de massa, cujo subtítulo é O Espírito<br />

do Tempo - Neurose, Edgar Morin fala da violência que está presente em grande parte da pro-<br />

dução cultural de massa. Uma violência organizada em grupos, junto aos vagabundos, ladrões e<br />

85 AVANCINI, Walter. Ciclo de Debates do Teatro Casa Grande. Op. cit. p. 128.

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