14.04.2013 Views

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

B) Em Vianinha, Medeia pede para Dolores, a vizinha, cuidar dos seus filhos, enquanto<br />

ela arma a vingança:<br />

“MEDEIA - Quando não se tem mais esperança é que nunca se deve desanimar /.../ Fica com os<br />

meus filhos. Volto já.<br />

DOLORES - Não enfrente Creonte. Não enfrente a vida /.../ Egeu, homem, vem me ajudar a<br />

trazer os filhos de Medeia pra cá. Vem carregar eles. Vão ficar aqui essa noite. Eu fico lá com<br />

Medeia” (Primeira Parte).<br />

Em Eurípides, para dialogar com a Aia, na segunda cena da peça, surge o Preceptor.<br />

Medeia nesse caso não pede que alguém tome conta dos seus filhos. O Preceptor já existe para<br />

isso.<br />

Em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Chico, Joana pede a mesma coisa para Corina:<br />

“JOANA - Não quero consolo nem vaselina/ Eu quero ajuda mesmo, tá falado?/<br />

CORINA - O que é?...<br />

JOANA - Haja o que houver, você jura/ que você e Egeu ficam com os pequenos?/.../ Eu tenho<br />

braço pra ser operária/ e tenho peito pra ser marafona/ Mas os filhos, onde é que vão ficar?/.../<br />

Por enquanto eu preciso que você/ mais Egeu tomem conta <strong>das</strong> crianças” (p. 86).<br />

C) Em Vianinha, Medeia, no cemitério, faz despacho. Coloca alguidar com a comida,<br />

d lias, velas, abre uma garrafa de cachaça e retira o pano que cobre uma imagem de Exu. Esta<br />

cena recebe corte simultâneo com outra em que Creusa, a noiva de Jasão, está experimentando<br />

o seu vestido de noiva:<br />

“MEDEIA - Recebe meu despacho, Omulu. Para todo o povo da encruza, espírito <strong>das</strong> trevas.<br />

Exu Ganga /.../ Vim lhe pedir ódio. Vim lhe pedir vingança. Quero vingança, seu Ganga! Vin-<br />

gança é o único alento do oprimido, sua única esperança /.../ Quero ser o vento da desgraça,<br />

quero a fúria de um desastre, a surpresa de uma bala no escuro. Quero a morte dela, Ganga.<br />

Quero meu Jasão vivo para sofrer” (Primeira Parte).<br />

No corte que divide essa sequência, Creusa, como resultado da mandinga, sente uma<br />

forte dor, e cai desmaiada.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!