Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
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“MEDEIA - Vim aqui para dizer que quero que você seja feliz, Jasão.<br />
JASÃO - Eu sabia, Medeia, minha amiga, eu sabia que um dia ia ouvir isso da sua boca... um<br />
grande amor não pode terminar em rancor, não é? Senão, não foi um grande amor...” (Terceira<br />
Parte).<br />
Em Eurípides:<br />
“MEDEIA - Jasão, rogo-te me perdoes o que eu disse. Desculpa os meus arrebatamentos que<br />
muitas vezes trocamos. Eu própria discuti comigo e me censurei” (p. 51).<br />
Em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e Chico Buarque não é no segundo encontro dos dois que Joana se fin-<br />
ge derrotada. É no terceiro, diferentemente <strong>das</strong> outras Medeias:<br />
“JOANA - Nada, Jasão,/ quer dizer... eu queria te pedir/ perdão...<br />
JASÃO - Quê?...<br />
JOANA - Vem, menino, pode vir/ tranquilo...<br />
JASÃO - Não entendi... essa não.../<br />
JOANA - Sente aqui comigo, fique à vontade/ deixe eu ver seus olhos, Jasão, sorria,/ como se<br />
fosse uma fotografia/ pra eu levar comigo e matar saudade...” (p. 153).<br />
J) Jasão desarma-se em relação a ela, ao perigo que ela representa para a sua felicidade.<br />
Medeia arma o desfecho trágico.<br />
Em Vianinha:<br />
“MEDEIA - /.../ Eu vou até fazer uns doces, os meninos mais tarde vão na festa, levam os doces<br />
de presente para Creonte, para tua mulher...<br />
JASÃO - Não, Medeia, acho que não fica bem meus filhos irem...<br />
MEDEIA - São crianças, Jasão. Crianças não incomodam ninguém. Todos gostam de crianças.<br />
Elas não sabem reclamar às injustiças. Vai ser o meu gesto de paz para Creonte. Ele vai enten-<br />
der” (Terceira Parte).<br />
Em Eurípides, embora não sejam doces os presentes, terão o mesmo poder envenenador: