Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
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Em relação à peça, a sua estrutura, <strong>Paulo</strong> acreditava que ela suportava o que era discuti-<br />
do: “É bem armada como narrativa e os golpes teatrais que são apresentados a cada instante<br />
fazem com que o público esteja permanentemente atento. Por isso é que apesar de - vou usar<br />
uma expressão que não gosto - mais séria, o público sai do Check-up com a mesma simpatia<br />
que sai do 200” 120 .<br />
3.1 - Um Manifesto Pela Razão<br />
É o que é o texto de apresentação da peça, escrito por <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> 121 .<br />
Primeiramente, ele situa o problema em algo estranho ao texto: o subdesenvolvimento.<br />
Da mesma forma que, aliás, ele fará em Dr. Fausto da Silva. Colocar em prática a concentração<br />
de renda, diz <strong>Paulo</strong>, “tem um custo social muito caro. É necessário que o centro de poder exerça<br />
um controle cada vez maior sobre os canais de expressão do organismo social”. Além de exer-<br />
cer o controle sobre os canais de expressão, é necessário que se criem complica<strong>das</strong> teorizações<br />
para justificar a mágica da concentração de renda. Segundo <strong>Paulo</strong>, esse arcabouço teórico é um<br />
verdadeiro labirinto cheio de armadilhas conceituais, porque é muito difícil explicar aos não<br />
beneficiários da concentração de renda que esperem, que um dia o seu dia há de chegar. Eis o<br />
quadro geral em que <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> situa o seu pensamento.<br />
Em seguida, ele particulariza o problema, sob a ótica de como se pode enfrentar o irra-<br />
cionalismo subdesenvolvimentista: pela lente da razão: “Colocar um instrumento racional de<br />
conhecimento diante da pobreza planejada, da calculada transferência da renda da maioria para<br />
as mãos da minoria, é simplesmente pôr em confronto a razão e o irracionalismo. Nesse con-<br />
fronto, o irracionalismo tem armas poderosas: é pedante, autoritário, intransigente, livre-ati-<br />
rador e, se o apertarem muito, inescrupuloso. A razão é apenas racional. Sua única arma é o<br />
120 Apud Helena Christina, op. cit.<br />
121 PONTES, <strong>Paulo</strong>. “Check-up”. In <strong>Arte</strong> em Revista/6. São <strong>Paulo</strong>, Kairós, p. 56. To<strong>das</strong> as citações do prefácio são<br />
dessa mesma fonte.