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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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3. A Palavra que Gera<br />

Mas não é só no radio que <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> vai fazer o seu exercício da palavra. O uso co-<br />

municativo da palavra como sentido gerador de idéias e de opiniões, em <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, tem ou-<br />

tra raiz. Esta vinda do Recife, na forma do Movimento de Cultura Popular e, ainda, no Método<br />

<strong>Paulo</strong> Freire de Alfabetização.<br />

Em Recife, no ano de 1962, o Movimento de Cultura Popular j estava implantado com<br />

apoio do governador Miguel Arraes. Era um movimento amplo, ousado, que buscava arrancar o<br />

homem nordestino da sua mais profunda ignorância e dar-lhe, mesmo que de pincelada, um<br />

certo verniz de civilização, uma educação básica para uma vida um pouco mais consciente e<br />

saudável. Havia todo um trabalho voltado para a noção de higiene, saúde, educação básica. O<br />

professor <strong>Paulo</strong> Freire começou a testar o seu Método de Alfabetização em uma casa que o<br />

MCP conseguiu na periferia do Recife. E em que consistia esse método revolucionário de alfa-<br />

betização de adultos? Sem descer a detalhes, é preciso dizer que o Método buscava no alfabe-<br />

tizando, em seu imaginário ou no imaginário de sua comunidade, a palavra geradora. Ou seja,<br />

as palavras que estavam intimamente liga<strong>das</strong> ao trabalho do alfabetizando, ao seu mundo, ao<br />

modo de compreender o mundo, a sua linguagem para explicar o mundo. A partir daí, o traba-<br />

lho do alfabetizador seria o de estimular a geração de idéias no sentido de que essas idéias pu-<br />

dessem interferir no mundo do alfabetizando, pelas suas próprias mãos, e pudessem, então,<br />

conscientizá-lo da possibilidade concreta de interferir no mundo, modificando-o. Em outras<br />

palavras, o educador não levava ao povo o seu discurso pronto e assimilado, mas procurava no<br />

povo a construção do seu próprio discurso.<br />

<strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong>, por volta de 1962, trabalhava na CEPLAR (Campanha de Educação Po-<br />

pular), em João Pessoa, onde, segundo Marcus Vinicius, músico e amigo de <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> desde<br />

aquele tempo, ele era um dos líderes. A CEPLAR era em João Pessoa uma reprodução do MCP

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