14.04.2013 Views

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tável senso de observação do real, realizou um trabalho que constituiu verdadeiro marco no<br />

teatro nordestino. E dizia: eu aposto com vocês que o público daqui não vem ao teatro porque o<br />

teatro não está falando de coisas que ele conhece ou pelas quais se interessa. Se a gente numa<br />

peça falar do Ponto de Cem Réis 46 , tenho certeza de que esse teatro vai lotar”.<br />

Continua o depoimento: “E lotou. Paraí-bê-a-bá foi a única produção teatral da Paraíba<br />

que conseguiu ficar em cartaz durante toda uma temporada - e sempre mantendo cheia a platéia<br />

do velho Teatro Santa Roza” 47 .<br />

Além do sucesso de público que foi Paraí-bê-a-bá serviu para <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> como um<br />

primeiro e decisivo teste de sua dramaturgia, do amadurecimento <strong>das</strong> coisas aprendi<strong>das</strong> nos<br />

seus anos com o Opinião.<br />

1. Por que um espetáculo sobre a Paraíba?<br />

É este o título do prefácio que acompanha a edição do texto Paraí-bê-a-bá 48 . Nesse pre-<br />

fácio, <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> demonstra a sua completa maturidade como pensador da cultura, inclusive<br />

emitindo uma frase que é a expressão mais acabada de tudo que ele fez até aí e, sobretudo, de<br />

tudo o que ele faria a partir de então. Diz a frase: “O teatro ter de sujar-se da realidade do seu<br />

público, para tê-lo atento, para fazê-lo gostar e necessitar de teatro” (p. VII). Se tivéssemos de<br />

eleger uma frase que traduzisse em poucas palavras o homem <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> e a sua práxis de<br />

intervenção no mundo, esta seria a mais clara, a mais contundente, a mais sincera. E é a frase-<br />

núcleo de um texto cujas intenções são cristalinas e não pretende esclarecer sobre a peça que se<br />

vai ler ou assistir; antes, o motivo de sua existência é dimensionar o conflito entre arte e públi-<br />

co, entre artista e receptor: as razões da interferência na sua comunicação.<br />

46 Tradicional praça no centro de João Pessoa.<br />

47 VINÍCIUS, Marcus. Op. cit.<br />

48 PONTES, <strong>Paulo</strong>. Paraí-bê-a-bá . João Pessoa, 1968. Sem editora. Arquivo do autor. Daqui para a frente to<strong>das</strong> as<br />

citações desse texto terão apenas a indicação de página.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!