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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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1. Bibi - Série Especial<br />

Era o nome do programa com o qual <strong>Paulo</strong> <strong>Pontes</strong> estreou na TV Tupi, no ano de 1968.<br />

Foi o início de sua fase verdadeiramente criativa, e que o acompanhou até os momentos finais<br />

de sua existência. A televisão estimulava-o enormemente. Escrever para um público grande era<br />

sua ambição desde muito no teatro. No programa, ainda no tempo da Rádio Tabajara, conseguia<br />

obter a maior audiência para o horário; com a peça Paraí-bê-a-bá, conseguiu provar, como era<br />

o seu propósito no prefácio ao texto, que o público para teatro existia em qualquer lugar, em<br />

qualquer cidade, e que todo o problema era de linguagem.<br />

Agora, na TV Tupi, outra vez ao lado de Vianinha, teria condições de continuar as suas<br />

pesquisas de uma linguagem popular, a que atrairia multidões para dentro do teatro, como de<br />

fato acabaria acontecendo. E essa linguagem tão criteriosamente procurada, tão persistentemen-<br />

te perseguida, não tinha, na verdade, segredo algum: era a linguagem da rua, e ele nunca se can-<br />

sou de repetir o caminho que atrairia o público: “Se você não representa a tem tica da multidão,<br />

você representa uma tem tica abstrata, e aí você não tem a cara do público, as tendências do<br />

público revela<strong>das</strong> para pesquisar em torno delas. Quando o teatro brasileiro era <strong>das</strong> massas,<br />

apesar de termos uma dramaturgia pobre, tínhamos comediantes populares aos montes, de ex-<br />

traordinária qualidade. Por quê? Porque representavam para a multidão que respondia com seu<br />

aplauso, seu silêncio, seu riso, sua emoção, sua cara e sua temática /.../ Se você tira essa huma-<br />

nidade variada, complexa e buliçosa do artista, tira a sua fonte de pesquisa. Então, vai pesquisar<br />

em torno do quê? De coisas abstratas. Vamos fazer laboratórios sofisticados, burilados, requin-<br />

tados e cada vez menos eficazes, porque não há base social” 79 .<br />

Impressionou-o muito quando uma comédia como A Gaiola <strong>das</strong> Loucas, de Jean Poiret,<br />

conseguiu levar um público de trezentas mil pessoas ao teatro. Ele não gostava da peça, mas<br />

não deixou de observar que um público enorme telefonou, fez reserva, saiu de casa, enfrentou<br />

79 SANTOS, Alex. Op. cit.

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