Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira
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EGEU - Quer saber o que eu/ acho? Sem rodeio e sem mistério?/ Esse emprego não serve pr'o-<br />
cê/<br />
JASÃO - Qual emprego?<br />
EGEU - Virou inocente?” (p. 49 e ss).<br />
Egeu aproveita para lembrar a Jasão sobre o trabalho, a dificuldade, que os amigos dele,<br />
Jasão, sofrem para pagar uma dívida que nunca é amortecida. Jasão irrita-se: “Por que com-<br />
prou?” É a pergunta que faz para o mestre Egeu. Vencido pelos argumentos de Egeu, Jasão ten-<br />
ta se justificar:<br />
“JASÃO - /.../ Olha, mestre, no fundo,/ eu sou mais útil daquele lado/ Lá dentro eu posso repre-<br />
sentar/ quem estiver mais encalacrado,/ posso interceder, facilitar.../.../<br />
EGEU - Ah, Jasão, você não vai poder/ se equilibrar no alto desse muro...” (p. 55).<br />
Jasão, derrotado em sua missão, tenta ao menos a cumplicidade de amigo:<br />
“JASÃO - Você, mestre Egeu, é meu amigo/ Por isso eu peço, de coração,/ me ajude, colabore<br />
comigo.../<br />
EGEU - Vai visitar teus filhos, Jasão.../<br />
JASÃO - Promete que não fala mais nada/ de não pagar as casas, aquilo/ tudo, hein? Controla a<br />
rapaziada?/ Fala, meu mestre... Posso ir tranquilo?/<br />
EGEU - Por que fizeram isso contigo?/ Creonte te desse um bofetão/ na cara, desse o pior cas-<br />
tigo,/ mas não te entregasse essa missão...” (p. 57).<br />
Jasão vai embora e Egeu, só, pensa em Jasão (“madeira boa/ pra arder na lareira dos<br />
contentes”), no que ele representa para os seus, e de como os melhores entre os oprimidos são<br />
cooptados (“pagam seu peso em ouro”). Egeu termina por emitir uma reflexão dialética sobre a<br />
história:<br />
“EGEU - Mas, Jasão, a festa é traiçoeira,/ é um alçapão. Todo mundo sabe/ que não há mal que<br />
nunca se acabe/ nem festa que dure a vida inteira” (p. 59).<br />
J) Jasão vai visitar os antigos amigos, no bar. Xulé aproveita para falar <strong>das</strong> prestações: