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Paulo Pontes, A Arte das Coisas Sabidas - Paulo Vieira

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XULÉ - Alguém tem que falar com seu Creonte/ A gente vive nessa divisão/ Se subtrai, se mul-<br />

tiplica, soma,/ no fim, ou come ou paga a prestação/ O que posso fazer, mestre Egeu?” (p. 8).<br />

Introduzindo, quase simultaneamente às mulheres, o segundo tema da peça.<br />

B) Em seguida, para reforçar o problema e fixar a imagem de líder de Egeu, surge Amo-<br />

rim na oficina de Egeu, onde já estava Xulé:<br />

“AMORIM - Xulé, meu tio/ Dé, Zazueira, Pipa, Amaro, Cacetão,/ Esmeraldino,/ Getúlio, Ca-<br />

zuza, Fio,/ ninguém mais paga. Nem São Cosme e Damião/ Por que é que eu vou pagar sem<br />

ter? Não pago não/<br />

EGEU - É fogo...<br />

AMORIM - Mas ser que eu vou ter que perder/ os dois anos que já paguei de prestação?/ O<br />

corno velho do Creonte vai saber/ que não pago e me bota na rua.../<br />

EGEU - Então/ me escuta...<br />

AMORIM - Mestre Egeu, você pode dizer/ o que pensa, já que é dono de teto e chão/ Dono do<br />

seu nariz, não tem nada a perder/ Tem a oficina e tudo o que está dentro dela/ Então fala corre-<br />

to, justo, dá conselhos/ Mas eu devo tijolo, cal, porta e janela/ acho que não sou dono nem dos<br />

meus pentelhos/<br />

EGEU - Você tem razão...<br />

AMORIM - Mestre Egeu, por caridade/ me responda...” (p. 13).<br />

C) Egeu assume a condição de líder. Oferece, teoricamente, a solução do problema:<br />

“EGEU - Pois eu vou te dizer: se só você não paga/ você é um marginal, definitivamente/ Mas<br />

imagine só se, um dia, de repente/ ninguém pagar a casa, o apartamento, a vaga/ Como é que<br />

fica a coisa? Fica diferente/ Fica provado que é demais a prestação/ Então o seu Creonte não<br />

tem solução/ Ou fica quieto ou manda embora toda a gente/ Cachorro, papagaio, velho, viúva,<br />

filha.../ Creonte vai dizer que é tudo vagabundo?/ E vai escorraçar, sozinho, todo mundo?/ Pra<br />

isso precisava ter outra virilha/ Não é?...<br />

AMORIM - Tem boa lógica...<br />

EGEU - Falei?...<br />

AMORIM - Sei não” (p. 16).

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